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Um colégio para o homem moderno

D. Jorge Ortiga
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Reflexão de D. Jorge Ortiga, no Colégio D. Diogo, em Braga

A educação foi e continua a ser uma questão problemática e emblemática. Emblemática porque dela depende o nível da sociedade no presente e no futuro; problemática porque complexa e envolvente de muitas perspectivas. Muitas questões podem ser equacionadas. Corremos, porém, o risco de não centralizar no essencial. Tudo é importante. Creio, porém, que importa colocar o educando como o pólo de referência e factor condicionante de qualquer sistema educativo. Muitas coisas e pessoas se interpenetram em corresponsabilidade mútua. Creio, porém, que tudo deveria girar à volta do educando, criança ou adolescente. As outras vertentes, no reconhecimento de direitos e obrigações, terão de ser instrumentos ou comunidades de serviço para que ele atinja um desenvolvimento integral de todas as faculdades. Daqui emerge o princípio que a Constituição Portuguesa, como tantas outras, consagra com toda a evidência e clareza, ou seja, a liberdade de aprender e de ensinar. Nesta dupla liberdade e perante o dever indelével e primordial de serem os pais os primeiros educadores, estes terão de ter o direito de escolher o tipo de educação que melhor entendem para os seus filhos. Ninguém desconhece que, hoje, se referem e sublinham os princípios da liberdade de ensino e do direito dos pais à escolha da educação. Só que os modelos alternativos ao sistema estatal continuam a ser desconsiderados, menosprezados e interpretados num carácter meramente supletivo. Revestem-se, ainda, de actualidade as palavras do Dr. Mário Pinto “Desde os tempos iluministas e autoritários do Marquês de Pombal que a escola é quase só escola estatal. A escola não estatal foi desde então absurda e sistematicamente maltratada, excluída ou até mesmo extinta”. Ninguém nega o direito de criação de escolas privadas e elas existem - quer de índole cooperativa quer da responsabilidade de pessoas ou instituições. O concreto nem sempre facilita a sua viabilidade. A Igreja, como encarregada pelo seu fundador de anunciar e promover um humanismo integral, não tem fugido aos desafios e, com igualdade e autonomia ou sem elas, interpretou iniciativas de formação a quem o país muito deve. Reconhecemos que a rede escolar está implementada em todo o país. Mas é dentro desta rede que os pais deveriam poder escolher sem terem a necessidade de recurso a gastos económicos que dificultam o orçamento familiar. Muito caminho foi percorrido. Continuam, porém, sombras que ameaçam e aterrorizam. Envolver-se nesta dignificação e qualidade do ensino privado para que possa corresponder aos seus objectivos exige muito trabalho e dedicação. Regra geral quem se apaixona por esta causa não se contenta com um mero funcionalismo sujeito a horários a cumprir. Toda a vida fica comprometida e só a dedicação plena oferece as respostas mais consentâneas capazes de se imporem. São necessárias estruturas com qualidade, mas só as pessoas conseguem imprimir um projecto educativo pautado por valores e gerador de personalidades construtoras dum mundo novo. O dia de hoje é de festa para o Colégio D. Diogo. Com a inauguração duma Piscina pretendemos manifestar o desejo duma igualdade diferente. Proporcionando melhores condições estamos a dar certezas duma educação integral. Não esquecemos Aquele que nos move e Aquela a que nos gloriamos de pertencer. Sentimo-nos de Cristo e protagonistas dum mundo novo na Igreja como Seu prolongamento. Não queremos perder a nossa identidade e recorremos a tudo para oferecer um humanismo que proporcione felicidade adquirida na vivência de todos os valores. Não pretendemos luxos ou vanglória. Contentamo-nos com a alegria de servir a sociedade com um projecto que, não esquecendo os valores humanos, aponta para outros horizontes. É dia de festa por mais este sonho tornado realidade mas, também, e sobretudo, porque as grandes causas, como já referi, exigem homens que as coordenem e com capacidade de envolver uma equipa. Testemunhamos, por isso, a gratidão ao Dr. António José Gomes Marques. A sua vida sacerdotal tem a marca do Colégio D. Diogo e este não o pode esquecer. Ele recordará momentos difíceis; nós reconhecemos a fidelidade a um projecto que assumiu na continuidade doutro pioneiro, o Mons. Elísio Araújo Fernandes, ao qual deu o seu toque inconfundível. Viveram-se momentos conturbados. Experimentaram-se situações complicadas. A fé foi maior e a coragem ultrapassou as inúmeras barreiras. Sabemos que, hoje, o Colégio D. Diogo é uma referência no contexto do ensino particular. Não é o único. É mais um que acredita na importância dos educandos e que quer comprometer-se com os pais na difícil tarefa de educar. O Dr. António José Gomes Marques pode sentir-se contente e lisonjeado pela obra que foi edificando. Hoje agradecemos-lhe e testemunhamos a certeza de que continuaremos a obra iniciada. Num ano em que a Igreja de Braga está empenhada num Programa de Pastoral Vocacional sabemos que um Colégio Católico também tem uma vocação e vamos, impelidos por Aquele que nos atraiu, ser dignos daqueles que deram vida a este projecto. Dr. Marques aceite as nossas homenagens e gratidão e permita que lhe prometa: por aquilo que fez, aqui e agora, o Colégio aceita o Duc in altum, programa do Papa para este milénio, ou seja, mais e melhor, pois os alicerces foram sólidos. D. Jorge Ortiga, A. P. Braga, 30.10.2004


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