Dossier

A Imaginharia da Imprensa Regional

José Vicente Ferreira
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José Vicente Ferreira, Gestor e Docente Universitário

Os meios de comunicação social vivem, a todos os níveis, momentos de grande complexidade. Afinal estão no centro desta teia global feita de diversidades e de pluralidades de mensagens. Vivemos numa floresta mediática onde o ruído do espectáculo e o desempenho dos actores são permanentes. A verdade que conta é a mediática e não importa que a informação seja verdadeira porque o principal é que seja cativante e interessante. A realidade passou a ser mediática. É nestes contextos de grande complexidade que a comunicação ganha importância pelos impactos que tem ao nível de cidadãos e instituições. É nesta conjuntura que se coloca a questão: - Que futuro para a comunicação/imprensa regional? Tudo vai passar pela importância que os diferentes intervenientes lhe quiserem atribuir, destacando, em primeiro lugar, os actuais detentores dos meios de comunicação regionais, imediatamente seguidos dos profissionais das diversas áreas especializadas que neles colaboram, dos auditórios e de toda a envolvente ética, legal, cultural e económica, financeira,… Os desafios do futuro vão passar por uma verdadeira revolução da inteligência que faça novas exigências à educação, à cidadania e à própria democracia. Não vale a pena continuar a reproduzir passados. É obrigatório fazer hoje o que é preciso para amanhã. E aqui, muita coisa terá que mudar. Para responder às exigências do futuro precisa-se de iniciativa, criatividade, responsabilidade objectiva e alguma “imaginação e engenhariaâ€. As empresas de comunicação regional tem que ser capazes de fomentar a educação ao longo da vida e ajudar a combater os novos analfabetismos, traduzidos nas incapacidades das pessoas para compreenderam as mudanças e suas implicações. Um outro desafio passa pelo reencontro com a ética, traduzido na forma como o negócio da empresas de comunicação vai ser explorado e como os seus profissionais o executam. Naturalmente que o enquadramento legal vai passar por sucessivos desafios para poder responder às rupturas selvagens que a globa-lização, as tecnologias e os conteúdos irão colocar. Um terceiro desafio vai ser o reencontro com os outros através do culto dos valores do espírito que dão verdadeiro sentido ao exercício da liberdade, à vida democrática e à realização do bem, do bom e do belo. Um quarto desafio, o reencontro entre a imprensa regional e os cidadãos, significa colocar em quantidade, qualidade e prazo serviços ou produtos junto dos cidadãos, adequados às suas necessidades, criando desta forma a ideia de utilidade social. Estes vários reencontros vão permitir criar as condições para uma outra forma de comunicação centrada no gosto pelo conhecimento e na procura da verdade, ajudando as pessoas no seu processo social e cultural e no desenvolvimento de valores como a sociabilidade, o respeito pelos outros, e o saber viver em sociedade. É ainda importante apostar nos mais jovens e dotá-los de uma certa armadura espiritual e intelectual capaz de criar e cimentar estes valores pois só assim serão capazes de responder à incerteza, ao imprevisto e às diferentes mudanças. De facto, a comunicação pode ajudar a resolver problemas e ser um facilitador se souber envolver os cidadãos na procura das soluções. Pode igualmente melhorar as relações entre pessoas e desta forma colaborar na construção duma democracia mais ajustada às realidades dos cidadãos. A Imprensa Regional tem problemas e precisa de soluções que passam, em primeiro lugar ,pela necessidade de construir â€O PROJECTO EMPRESARIAL†adequado a cada caso, capaz de responder a 3 questões essenciais:1-Onde estamos?/Situação actual da empresa,2-Para onde queremos ir?/Situação futura e prazo (3 a 5 anos),3-Como queremos lá chegar?/Plano de recursos e forma de os obter em tempo útil. Sem um Projecto Empresarial mobili-zador que aponte a direcção da sobrevivência e da independência, continuar-se-á de problema em problema à espera da medida de favor pública ou privada que permita resolver a crise do momento. Este Projecto é a base de conforto para o futuro e para um futuro mais alargado através da constituição de Parcerias em áreas de interesse comuns. Este Projecto implica rupturas com a situação actual, pois a actual conjuntura “obriga†as pessoas a pensar o que os outros pensam, em vez de levar as pessoas a pensar pelos seus próprios meios, reencontrando desta forma o gosto pela informação, pelo conhecimento e pela procura da verdade. Aos governantes pede-se que conheçam as realidades (e cada projecto é uma realidade) e decidam não em pacotes centralizadores e cheios de burocracias, mas potenciando as várias capacidades empresariais existentes na I.R.. Naturalmente que alguma I.R. ficará pelo caminho, se os seus responsáveis não souberam em tempo útil, transformar as suas ideias num projecto empresarial. A I.R. tem um importante serviço a cumprir e cumpri-lo-á se se souber organizar para os novos futuros. José Vicente Ferreira, Gestor e Docente Universitário


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