Dossier

A liderança que falta ao Ocidente

Agência Ecclesia
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Adriano Moreira avalia para a ECCLESIA a intervenção de João Paulo II a favor da paz, durante o ano de 2003

A actuação de João Paulo II ao longo de 2003, sobretudo no que se refere à acção em favor da paz, é um exemplo do que devem ser as lideranças no Ocidente. A afirmação é de uma das figuras mais destacadas da sociedade portuguesa, Adriano Moreira. “A intervenção do Papa tem a maior das importâncias neste momento, porque o Ocidente tem uma falta de lideranças extraordinária, é uma das grandes crises ocidentais”, constata em declarações à ECCLESIA. “Não é fácil encontrar outra sede de poder espiritual, inspirador, que tivesse conseguido reunir as muitas centenas de responsáveis que João Paulo II já conseguiu reunir em Assis”, exemplifica. Para o professor Catedrático o que mais se destacou foi a capacidade de chegar a toda a humanidade, numa acção que não é limitada aos católicos. “O Papa conseguiu desencadear um dos movimentos mais importantes, que é o de fazer convergir as várias religiões para os valores que são comuns, funcionando estes como plataformas para as suas intervenções a favor da paz”, refere. “A iniciativa, que considero excepcional, tem uma importância comprovada num passado recente, pela acção das Igrejas na acção de restituir a paz à Europa, por exemplo”, acrescenta. As dificuldades do assim chamada “choque de civilizações”, na linha da frente durante o ano que findou, são explicadas por Adriano Moreira: “é a primeira vez na história da humanidade em que todas as áreas da cultura falam com voz própria, o que implica uma intervenção mais empenhada para se descobrirem valores comuns, como faz João Paulo II”. Nesse sentido, declara, “outra inspiração espantosa que vem da acção de João Paulo II em favor da paz, ao longo de 2003 é a fidelidade à primeira intervenção pública enquanto Papa: ele vai ao encontro dos problemas, não tem medo de os enfrentar”. Em relação à ameaça do terrorismo, a cuja compreensão o Papa apelou repetidas vezes, Adriano Moreira admite que, de facto, “ainda não conhecemos todas as causas que estão na sua origem”.


Dia Mundial da Paz