Dossier

A Presença da Igreja no Ensino Superior

Pe. João Lavrador
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Padre João Lavrador, Pres. Comissão Diocesana da Pastoral Universitária de Coimbra

A Pastoral do Ensino Superior ou, dito de modo mais restrito, a Pastoral Universitária manifesta-se como a preocupação da Igreja pelas pessoas que integram o ensino superior, tendo como modelo o Bom Pastor, acolhendo as suas preocupações, alegrias e tristezas, e oferecendo-lhes o Evangelho de Jesus Cristo, Fonte permanente de Luz e de Vida e, como tal, o Homem Novo, à luz do qual, todo o ser humano se deve descobrir. Esta é uma pastoral especializada. Quer isto dizer, que se dirige a um contexto humano concreto. È o mundo da cultura e da inteligência que se impõe evangelizar. Como pastoral especializada que é, deve ser caracterizada pela participação dos leigos. Eles que estão no meio do ensino superior, uns como professores, outros como alunos, outros como funcionários, devem assumir a responsabilidade de tomar a seu encargo a evange-lização do meio onde se desenvolve a sua actividade. Deve ser uma pastoral organizada. Cada cristão é chamado a dar testemunho da sua fé e, como afirma a Evangelii Nuntiandi, muitas vezes é esta a única forma de apostolado que os cristãos podem fazer. Contudo, não podemos ficar só por aí. É imperioso organizarmos o apostolado dos leigos no meio do ensino superior. Se durante muitas décadas, a Acção Católica teve uma acção ímpar no que toca ao apostolado organizado, hoje ela não só mostra menos força mobilizadora como se tem de irmanar com outras formas organizadas que vêm de novos movimentos, comunidades e centros de vida cristã. Todo o apostolado laical é expressão da Igreja que é mistério de comunhão. Pertence à diocese pugnar tanto por que se garanta a presença dialogante dos leigos no meio do ensino superior, como por favorecer a intervenção de todos os organismos de apostolado e, ainda, pela promoção da comunhão eclesial para que esta se torne visível em todas as formas de apostolado. Na diocese de Coimbra a pastoral do ensino superior está organizada do seguinte modo: - O Conselho Pastoral do Ensino Superior integra todos os organismos de apostolado, um professor e um aluno de cada faculdade ou escola superior. É o órgão que, por excelência, manifesta a comunhão e a corresponsabilidade eclesiais ; - O grupo dos responsáveis pelos movimentos e outros organismos de aposto-lado organizado; - O Serviço Pastoral do Ensino Superior que se assume como serviço aberto a todos os organismos e a todos os que integram o ensino superior, mobiliza, encaminha, dá a conhecer e oferece-lhes propostas de formação; - O CADC (Centro Académico de Democracia Cristã) que é uma forma organizada de apostolado laical, com longa tradição em Coimbra, que muitos e bons frutos deu e esperamos que continue a dar, em ordem à evangelização do meio universitário. Dele se espera uma leitura dos sinais dos tempos e uma militância cristã séria e dialogante, que o capacite para responder aos tempos de hoje como soube responder a outros tempos. O que se revela de maior importância na pastoral do ensino superior é o diálogo entre a fé e a cultura. Este é o seu distintivo em comparação com outras áreas da pastoral da Igreja. Este diálogo deve fazer-se através de debates sérios de profundidade intelectual; através de publicações onde o pensamento do humanismo cristão seja patente; através de uma proposta de referência ética para os diversos profissionais que já estão no ensino superior ou que venha a sair dele; através de uma formação integral do ser humano que amanhã venha a intervir nas decisões da sociedade e nos valores culturais. É muito séria e profunda esta área da pastoral da Igreja. Não podemos contentar-nos em encontrar algumas respostas. É necessário encontrar a resposta acertada às exigências deste espaço humano. Dado o contexto em que se insere, nem sempre é fácil orientar o exercício do apostolado dos leigos para este campo, mas é urgente e vital, se levarmos a sério as palavras de Paulo VI na Evan-gelii Nuntiandi: «A ruptura entre o Evangelho e a cultura é sem dúvida o drama da nossa época, como o foi também de outras épocas. Assim, importa envidar todos os esforços no sentido de uma generosa evangelização da cultura, ou mais exactamente das culturas. Estas devem ser regeneradas mediante o impacto da Boa Nova. Mas um tal encontro não virá a dar-se se a Boa Nova não for proclamada»(n.20). Padre João Lavrador, Pres. Comissão Diocesana da Pastoral Universitária de Coimbra


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