Dossier

As raízes da Agência Ecclesia

D. Manuel Franco Falcão
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D. Manuel Franco Falcão, Bispo Emérito de Beja

No dia 16 de Janeiro de 1959, a Assembleia Plenária do Episcopado Português, reunida no Palácio dos Olivais, discutiu a necessidade de um centro de informações e de estudos pastorais ao serviço da Igreja em Portugal. Dias depois, a 29, o Papa João XXIII anunciou a convocação dum concílio ecuménico, o que por razões óbvias veio reforçar essa necessidade. O Cardeal Patriarca D. Manuel Gonçalves Cerejeira, em nome dos Bispos, por Decreto de 7 de Maio do mesmo ano de 1929, instituíu o Secretariado de Informação Religiosa (SIR), confiando a sua direcção ao Pe. Manuel Franco Falcão, do Patriarcado. Sem delongas, no mesmo mês de Maio, o SIR começou a publicar o Boletim de Informação Pastoral (BIP), que nas palavras iniciais se apresentava com a intenção de «fornecer aos pastores sagrados e a todos quantos têm responsabilidades (na Igreja) as informações (estatísticas e outras) que lhes permitam fundamentar em conhecimento seguro das situações e forças disponíveis a sua actuação pastoral ou apostólica». É bem conhecido o papel importante que o BIP desempenhou ao longo de 15 anos, acompanhando a preparação, realização e aplicação do Concílio Vaticano II. Coincidiu este período com o interesse nas Igrejas sobretudo da Europa Ocidental pela Sociologia Religiosa, do que o BIP se fez repetidamente eco, nomeadamente publicando alguns estudos feitos em Portugal na área da estatística (como os primeiros recenseamentos da prática dominical e a expansão da Acção Católica Portuguesa) e da investigação em matéria de comportamentos religiosos. O BIP publicou-se de 1955 a 1970. De certo modo o seu serviço formativo e informativo foi prolongado pelo Boletim Diocesano de Pastoral (BDP) do Patriarcado, que iniciou a publicação em Janeiro de 1968, divulgando como se processou a aplicação do Vaticano II na diocese de Lisboa. Em 1975, em pleno clima de revolução de Abril, a Comissão Episcopal dos meios de Comunicação Social, entretanto criada pela Conferência Episcopal, de colaboração com o Secretariado Geral do Episcopado, passou a publicar, através do seu Centro Católico de Informação (CCI), o Boletim Informativo de Publicações (mesma sigla BIP) destinado aos Bispos, saindo semanalmente com a síntese do que a grande imprensa ia publicando, quer referente directamente á Igreja quer de especial interesse para a sua acção pastoral. Este boletim interno publicou-se de 17 de Novembro de 1975 a Abril de 1977. Entretanto, a Comissão Episcopal das Comunicações Sociais sentindo a necessidade de enriquecer a imprensa católica de conteúdos mais actuais e vivos, começou a editar, pelo CCI, um modesto boletim semanal reduzido a algumas folhas policopiadas com artigos de opinião, informações e notícias. Este boletim, publicou-se sem título nem numeração todas as semanas de 4 de Outubro de 1974 a 30 de Dezembro de 1976. Com o nº. de 6 de Janeiro de 1977 começou a ter numeração. A partir do nº. 244 (Abril de 1982) passou a mensal e a ter cabeçalho com as indicações de CCI (Centro Católico de Informação) e SAI (Serviço de Apoio à Imprensa), assim se publicando até ao nº. 282 (Fev.1983). Em Fevereiro de 1983, sob a direcção de J. M. Reis Ribeiro, director do Secretariado Geral do Episcopado, o boletim voltou a semanal, aparecendo com novo aspecto gráfico, novo título (Serviço de Apoio à Informação, mesma sigla SAI) e nova numeração, dando-se como edição do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais da Igreja. Com o nº 18 (16 de Junho de 1973), Reis Ribeiro cedeu o lugar a Joaquim Cardozo Duarte, a trabalhar no Secretariado Geral da CEP, o qual se manteve à frente do SAI até ao seu nº 231 (Abril de 1988). De Maio de 1988 até finais de 1990 foi director do SAI Vicente Ferreira, ao qual sucedeu António Rego e, a partir de Setembro de 1992 João Caniço. A este se ficou a dever a evolução do Centro Católico de Informação (CCI) para Agência Ecclesia como editora do boletim especialmente destinado a apoiar a imprensa católica. O primeiro boletim semanal da Agência Ecclesia saiu no dia 5 de Janeiro de 1994 com o nº. 475, melhorado graficamente e aparecendo como propriedade do Secretariado Nacional das Comunicação Sociais. João Caniço manteve-se como director até ao nº 606 (13 de Novembro de 1996), cedendo então o lugar a António Rego, que se mantém à frente do boletim até aos dias de hoje, publicando semanalmente um dos textos que é mais reproduzido na imprensa católica de todo o País. Esta longa evolução deveu-se, por um lado, ao desejo de ser útil aos órgãos de comunicação social no contexto bastante volúvel do ambiente cultural, e por outro lado, aos recursos disponíveis em pessoal e meios. O predomínio da internet como via de comunicação para os órgãos de informação levou a Agência Ecclesia a transmitir o conteúdo do seu boletim através dessa via, pondo-se o problema do interesse, nomeadamente para outro público, do boletim escrito, mantendo ou alterando o actual esquema. Que esta recordação do passado leve a agradecer a quantos dedicaram o seu melhor à causa da informação na Igreja e a contribuir para que, no presente e no futuro, não faltem os trabalhadores lúcidos e generosos que a essa causa se dediquem para bem da Igreja e da Sociedade portuguesa. D. Manuel Franco Falcão, Bispo Emérito de Beja


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