Dossier

Bento, nome da paz

Isabel Bento
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Toda a Igreja se alegra com a eleição do sucessor de Pedro, o Papa Bento XVI .Depois das interrogações que se colocaram sobre quem poderia suceder ao Santo Padre João Paulo II, vem a esperança e a expectativa do pontificado de Bento XVI, este que foi um dos mais próximos colaboradores de João Paulo II. Um Homem de Concilio, um homem de grande humildade, como podemos comprovar pela simplicidade com que se dirigiu a todos os fieis no momento da sua eleição. Das muitas interrogações sobre o pontificado de Bento XVI, vem a do dialogo inter-religioso, do dialogo ecuménico...que caminho a percorrer? Que estrada nos trará Bento XVI? Quando João Paulo II em 1986, reuniu os chefes das grandes religiões mundiais, não sabia o que dai viria...com a sua simplicidade e fé profunda seguia um sonho, cumprir o que o Senhor Jesus ensina, construir um reino de paz , dialogo e justiça... Os encontros que se seguiram foram e serão um grande sinal para o mundo, mas o maior foi aquele que acabamos de viver no funeral do Santo Padre. Da mesma forma que reuniu em vida, reuniu também na hora da sua morte, tantos homens e mulheres do mundo inteiro. Crentes e não crentes viveram juntos esse momento da morte do santo padre. Os poderosos deste mundo e os simples que tanto amava... E se havia duvidas do caminho percorrido pelo pontificado de João Paulo II, este foi sem duvida um sinal em que ele mais uma vez nos ensinou que o caminho da paz e do dialogo é algo que não pode voltar a trás. Bento XVI soube ler e intuir este grande sinal. E afirmou-o nas sua primeiras palavras, tanto na missa de encerramento do conclave, na sua primeira liturgia na praça de São Pedro e na sessão de cumprimentos que se seguiu....“No início do meu pontificado dirijo a vós todos, crentes das tradições religiosas aqui representadas e aos que procuram com coração sincero a verdade, um forte convite a tornar-nos, juntos, artífices da paz num compromisso recíproco de compreensão, respeito e amor†Não podemos esquecer que o caminho iniciado com o Concilio Vaticano II, foi testemunhado e vivido por Bento XVI. Quem não se recorda da “Nostra Aetate†, com o qual se iniciou uma rica relação entre a Igreja Católica, o Hebraismo, o Islão e as outras religiões. Esta declaração do Concilio Vaticano II afirma que a igreja, “ no seu dever de promover a unidade e a caridade entre os homens, e entre os povos, mostra que diante a tudo o que os homens tem em comum nos leva a viver juntos o seu comum destino†João Paulo II, afirmava na sua mensagem ao histórico encontro Homens e Religiões realizado em Lisboa no Ano de 2000, que “No inicio do novo milénio não devemos travar os nossos passos, pelo contrario é necessário uma maior aceleração neste promitente caminho... E as religiões tem um particular papel no chamar todos os homens e mulheres a esta consciência que é, ao mesmo tempo, dom de Deus e fruto da experiência histórica de tantos séculosâ€. Os últimos acontecimentos que vivemos no início deste século, chama cada um de nós a percorrer este caminho com muita humildade Bento XVI convida-nos a percorrer com ele. Não se vê sozinho, não o vê só da Igreja Católica, mas sim num destino que é comum à grande família humana na compreensão, na fraternidade , no dialogo e no amor . Tomas Merton afirmava “nenhum homem é uma ilha†e Bento XVI assim o afirmou na praça de São Pedro, ou mesmo ontem na cerimónia de cumprimentos em que estiveram presentes representantes das varias religioes mundiais. O caminho do seu pontificado é indicado pela sua humildade, fé e confiança na herança que vem do Concilio Vaticano ou de João Paulo II. Deus guiará os seus passos, os da Igreja e do mundo. Quanto ao caminho a percorrer com as outras religioes deixa-o claro em algo profundo que liga cada uma delas: “O mundo no qual vivemos é muitas vezes marcado por conflitos, violência e guerra, mas aspira ardentemente à paz, paz que é sobretudo dom de Deus, paz pela qual devemos rezar sem pararâ€. Isabel Bento Comunidade de Santo Egídio


Bento XVI