Dossier

Caminhar pela unidade

Irene Moreira
...

Um testemunho na primeira pessoa, desde o Grupo Ecuménico Jovem do Porto, de histórias de comunhão e partilha na identidade cristã

Em 1993 visitei Israel numa peregrinação organizada pela minha paróquia. Lá, acho que pela primeira vez, vi “pessoas†de outras igrejas cristãs… Mas era lá longe… Recordo a igreja do Santo Sepulcro e a profusão de hábitos com que se vestiam os hierarcas das igrejas, assim mo diziam... Em 1998, ano em que integrei a equipa do Secretariado Diocesano Porto da Pastoral Juvenil, tive o meu primeiro contacto tangível com outras igrejas cristãs em Portugal. Recordo como foi estranho ver a diferença: uma Pastora, um Bispo casado, não cantarmos cânticos marianos, a oração do “Pai Nosso†deles… A caminhada pelo Ecumenismo havia já começado na Catequese de Jovens e a primeira aprendizagem sobre Ecumenismo foi no Curso de Iniciação de Animadores na Diocese. Mas pouco sabia… A partir daí, quer a curiosidade quer a busca de uma resposta para a justificação das divisões, que também outrora estudara nos livros da escola, criaram em mim uma vontade de participar na construção de uma nova história, numa história de comunhão e partilha na identidade cristã. Já lá vão quase 10 anos… apenas 10 dos 100 que este ano celebramos da inauguração do Oitavário pela unidade dos Cristãos. Pequena a minha caminhada no esforço pela unidade, mas tem sido consciente na procura cada vez mais da minha própria identidade como católica e também no diálogo que tenho tido oportunidade de alimentar no Grupo Ecuménico Jovem do Porto, representando o Secretariado Diocesano da Pastoral Juvenil da Igreja Católica. Este diálogo tem-se acalentado numa fisionomia criativa, mostrando-nos, todos, disponíveis para o enriquecimento na alteridade. Foi com este sentido que integrei a comitiva de portugueses que participou no 3º Encontro Ecuménico Europeu, em Sibiu, Roménia, no passado mês de Setembro de 2007. Daí trouxe o desafio de dar a conhecer a Carta Ecuménica e, como lembramos na reunião de trabalho que esta comitiva teve em Sibiu com o D. Manuel Felício, integrar esta dimensão ecuménica na catequese, na comunidade, na formação de todos os cristãos. Recordo, também pela proximidade do evento, a 30º Encontro Europeu em Genebra promovido pela Comunidade de Taizè onde tivemos a ocasião de conviver nas comunidades base que nos acolheram com a comunhão da igreja católica e protestante e meditar na Carta de Cochabamba (Carta publicada para este encontro após o evento semelhante que decorreu na Bolívia com jovens da América Latina) onde diz: “Os jovens reunidos em Cochabamba, mostraram que a diversidade, longe de conduzir necessariamente a divisões ou a rivalidades traz consigo a promessa de enriquecimento mútuo e de alegria". A minha participação quer nos Encontros Europeus quer na visita à Comunidade em Taizé, têm sido uma fonte para a minha caminhada ecuménica. Que esta Semana pela Unidade dos Cristãos não seja mais uma, mas que de algum modo seja um prenúncio da vivência do Evangelho, na audácia de o proclamar e realizar uma prática da comunhão em Cristo Jesus. Irene Moreira


Ecumenismo