Dossier

Cardeal Patriarca de Lisboa

D. Manuel Clemente
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D. Manuel Clemente, Bispo auxiliar de Lisboa

Como Patriarca de Lisboa, o Senhor D. José Policarpo continua a evidenciar o que lhe é mais próprio, como modo de estar, de ver, de sentir e de actuar. Num modo de estar autêntico e contínuo. Simples e imediato, próprio de quem encontrou consistência bastante para não se atrapalhar com rodas nem rodeios. A simplicidade nasce-lhe duma vida há muito definida e cuja realização não se adia nem acomoda. Esta estabilidade de temperamento e espírito dá ao seu ministério em Lisboa e à própria diocese uma solidez que relati-viza naturais sobressaltos de tempo e circunstância. A maior parte do clero foi da sua formação e conhece-o hoje como o conheceu ontem. O mesmo se diga dos seus antigos alunos e de todos os que dele receberam ensino e influxo. A lhaneza do seu trato torna tudo mais acessível, na diocese e na relação com a sociedade, que tão inovadora tem sido. Pessoas e grupos que o visitam em S. Vicente de Fora, local onde felizmente reinstalou os serviços patriarcais, tanto admiram a beleza e gran-diosidade do edifício como a afabilidade do seu primeiro ocupante. Um modo de ver também, que, no caso do Senhor Patriarca, significa propriamente inteligência (de intus + legere = ler dentro, captar o essencial de cada coisa ou assunto). Para falar só na diocese, são constantes os objectos de estudo e resolução com que o Senhor D. José Policarpo se depara. Repetidas são igualmente as reuniões e encontros a que tem de presidir e levar a conclusões nem sempre fáceis de tomar e actuar. É fácil testemunhar então como o Senhor Patriarca abarca facilmente os temas mais diversos, se apercebe do fundo da questão e, sendo oportuno, aponta metas ou encaminha respostas. O que a diocese de Lisboa tem poupado em perplexidade ou recuo graças a este “ver dentro†do seu Pastor, nem é facilmente avaliável. Um modo de sentir. O Senhor Patriarca sente “com a Igreja†antes de mais. Com o Papa, com os seus colegas no Episcopado, com o clero e os fiéis, na sensibilidade à Tradição viva que conhece e preza. Com o povo mais simples, a cuja religiosidade é igualmente afecto. Homem do campo e da cidade, tão bem se aproxima dum como doutra, no que à alma diz respeito. É um intelectual, decerto. Com o gosto e o exercício da inteligência e da interio-ridade, que podem, eventualmente, dar-lhe um ar algo distante, porque a reflexão o concentra. Mas é isso mesmo que lhe permite ser profundo, mesmo quando improvisa, e certeiro, mesmo quando riposta. E facilmente anula tal distância quem se lhe dirigir com igual naturalidade. A Igreja de Lisboa tem no seu Pastor, verdadeiramente, um coração. Finalmente, um modo de actuar. Desde 24 de Março de 1998, quando sucedeu imediatamente ao Cardeal Ribeiro, de quem era coadjutor, o Patriarcado tem seguido uma linha de rumo que se destaca da variedade e mutabili-dade das coisas previsíveis e imprevi-síveis. Programação pastoral, estilo de presença, objectivos definidos, consonância com os grandes tópicos que o Santo Padre tem proposto à Igreja, tudo vai por diante, com uma actividade pessoal por parte do Senhor D. José Policarpo que não abranda nem na qualidade nem na quantidade. Redobrada ainda, esta actuação interna, pela repetida intervenção em áreas da sociedade e da cultura, por convite de outros ou iniciativa própria. Duas palavras-chave: evangelização e atenção aos sinais dos tempos, tidos estes como apelos do Espírito à actuação da Igreja, para dentro e fora de si mesma. O Congresso da Nova Evangelização, cuja fase de Lisboa se prepara para 2005, é já a meta de todos nós, depois de ter sido escolha e proposta do Senhor Cardeal-Patriarca.


D. José Policarpo