Dossier

Congresso Internacional Pe. Manuel Antunes

Luís Machado de Abreu
...

O Padre Manuel Antunes (1818-1885) faleceu há vinte anos, mas as sementes de cultura que espalhou com prodigalidade continuam vivas e a produzir frutos. A prova está em duas iniciativas que se vão concretizar no decurso deste mês: o “Congresso Internacional Padre Manuel Antunes, Interfaces da Cultura Portuguesa e Europeia†e o lançamento de dois volumes da Obra Completa que a Fundação Calouste Gulbenkian começa a editar. O Congresso que decorrerá durante os dias 15, 16 e 17 de Dezembro, na Fundação Gulbenkian, na Faculdade de Letras de Lisboa e na Casa da Cultura da Sertã vai ser uma reunião internacional e uma grande festa da cultura destinada a celebrar a actualidade da obra do Padre Manuel Antunes e a comentá-la. Mas quem foi este homem? Um excelente professor de História da Cultura Clássica que, atento aos problemas e inquietações do seu tempo, ajudou muitas gerações de jovens estudantes a descobrir o sentido da cultura para a vida. Graças ao congresso e à reedição da obra, vai continuar a exercer postumamente a missão que, na qualidade de professor, primeiro em casas de formação da Companhia de Jesus e, a partir de 1957, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, tinha cumprido de maneira exemplar e indelével. E não faltam razões de oportunidade e de relevância para estes eventos. Vivemos tempos de desnorte, de erosão de valores, de menorização da dimensão cultural, de globalização da mediocridade e do egoísmo. A esta atmosfera social poluída por interesses rasteiros faz bem levar a lufada de ar fresco que nos obrigue a pensar e a imaginar outros padrões de exigência cultural. É pelos caminhos do diálogo, da solidariedade, da tolerância, da generosidade, do respeito pela dignidade da pessoa que se pode mudar a sociedade e a vida. No pensamento do Padre Manuel Antunes deparamos com o sentido de urgência que deve animar a humanização da existência individual e colectiva. Percebe-se que o mestre de cultura clássica tenha sido simultaneamente crítico da sociedade contemporânea e educador da cidadania, e nos continue a repetir que é necessário “repensar Portugalâ€. Luís Machado de Abreu


Jesuítas