Dossier

Crianças sob a protecção de Maria

Elias Couto
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Intenção Geral do Santo Padre para o Apostolado da Oração - Mês de Maio

Crianças sob a protecção de Maria Intenção Geral do Santo Padre para o Apostolado da Oração – MAIO Que as crianças em dificuldade e aqueles que as tratam encontrem em Maria, Mãe da Vida, força e ajuda constante. 1. O mês de Abril encheu-se de imagens de violência e destruição, em especial por causa da guerra no Iraque… De entre estas imagens, as mais chocantes mostravam crianças vítimas da guerra: mortas, mutiladas, órfãs, assustadas, sem entenderem o que lhes estava a acontecer, a elas e aos seus. A guerra traz, inevitavelmente, morte e destruição, sofrimento e angústia. E, por «melhores» que sejam as razões a justificá-la, é sempre, como afirmou João Paulo II a propósito do Iraque, «uma derrota da humanidade». Quando, porém, a morte e o sofrimento provocados pela guerra surgem com rosto de criança, esta «derrota» revela-se ainda mais evidente. É certo que a preocupação com as crianças, ou com as vítimas civis em geral, atingidas pela violência da guerra é relativamente recente e não está generalizada – apesar disso, é bom verificar que, a este propósito, a «cultura da vida» tem vindo a fazer progressos em muitas partes do mundo, tornando cada vez mais difícil justificar a desumanidade da guerra, mais ainda quando esta se exerce sobre pessoas inocentes e indefesas. 2. Porquê as crianças? Porque elas representam melhor do que ninguém o sonho humano de uma vida com futuro, projecto com possibilidades sempre novas, esperança de uma vida que se prolonga e se torna mais plena e fecunda. E porque, ao mesmo tempo, dão rosto ao que de mais frágil há no ser humano: inocência, confiança, capacidade de acreditar, desejo de amar e ser amado, alegria e espontaneidade sem disfarces. Pode ser uma imagem idealizada, mas é bom que seja assim, porque as crianças merecem – e nós, com elas. Não se compreende, por isso, como pode alguém ficar indiferente diante do sofrimento de uma criança, e menos ainda como pode alguém ser, de modo intencional, deliberado, causa de sofrimento para uma criança – não aquele sofrimento inevitável que vem com a própria vida e é fruto da imperfeição e finitude humanas (doença, desejos insatisfeitos, insucessos, dificuldades próprias da vida quotidiana…); mas antes aquele sofrimento imposto pelo egoísmo dos adultos, pela sua depravação moral, pelo seu desejo de poder (falta de cuidado com as fragilidades das crianças, educação descuidada que não as ajuda a crescer de modo sadio e virtuoso, divórcios, violência física e mental sobre elas, exploração no mundo do trabalho, abusos sexuais, guerras…). Quem assim procede, sabendo o que está a fazer, merece bem aquelas palavras do Evangelho que se referem ao escândalo: «.. melhor seria que lhe suspendessem a mó de um moinho ao pescoço e o lançassem nas profundezas do mar» (cfr. Mt 18, 1-6). 3. Merecem, pois, todo o apreço aquelas e aqueles que se dedicam a ajudar as crianças, quer profissionalmente quer em regime de voluntariado. De modo particular, este apreço deve distinguir quantos o fazem junto de crianças em dificuldades: órfãs, abandonadas, doentes, vítimas da guerra… Trata-se de uma tarefa difícil, pouco reconhecida e facilmente sujeita a incompreensões e calúnias, mas é absolutamente necessária, caso se pretenda caminhar para sociedades mais justas, equilibradas e humanizadas. A estes homens e mulheres se aplica com propriedade aquela palavra de Cristo, a propósito do «julgamento final»: «Sempre que o fizestes a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a Mim que o fizestes» (Mt 25, 40). 4. O mês de Maio é, na tradição católica, particularmente dedicado à vivência da devoção à Mãe de Jesus. Por esse motivo, o Santo Padre confia a Intenção deste mês aos cuidados maternos de Maria. É que, sendo Mãe de Jesus, ela é, por encargo do mesmo Jesus, Mãe da humanidade, confiada aos seus cuidados no alto do Calvário, na pessoa do apóstolo João: «Eis aí o teu filho. Eis a tua Mãe» (cfr. Jo 19, 26-27). Sendo Mãe, é justo que a ela acorram os seus filhos e na sua presença encontrem conforto e protecção. E, sendo Mãe solícita, não poderá deixar de atender aos rogos daqueles que a ela recorrem, em particular quando se encontram confrontados com situações de sofrimento e angústia. É o caso das crianças em dificuldade, lembradas nesta Intenção, e também o daquelas e daqueles que vão em seu auxílio. Maria, Mãe de Jesus e, portanto, Mãe da verdadeira Vida, saberá certamente atender as orações que neste mês lhe forem dirigidas, confiando-as ao Pai, autor da Vida e fonte de Bondade, para que Ele, na sua misericórdia infinita, se compadeça dos seus filhos mais frágeis e converta o coração daqueles que praticam o mal. Elias Couto


João Paulo II