Dossier

D. Serafim, Protagonista da cordialidade

Pe. Jorge Guarda
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D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva, bispo de Leiria-Fátima, está a celebrar os seus jubileus de ouro e prata sacerdotais e episcopais, respectivamente. A efeméride é ocasião para olhar para a sua personalidade e acção. Há nele uma característica que, no meu entender, se evidencia: a cordialidade. Esta é sua forma de estar com as pessoas, de encarnar o Evangelho e de o comunicar. Nota-se nele a preocupação constante de estabelecer uma relação simpática em todas as direcções: com as pessoas, os grupos, as instituições, tanto na Igreja como na sociedade, em encontros pessoais e em assembleias. Esta qualidade marca toda a sua acção pastoral e os contactos que mantém. Com frequência, as suas intervenções, cheias de bom humor, geram boa disposição nos auditórios. O seu empenho por estar bem informado sobre acontecimentos e pessoas e a sua memória ajudam-no a abrir o diálogo e a suscitar simpatia. A cordialidade é a qualidade de quem estabelece com os outros um trato afectuoso e franco, manifestando amizade e calor humano. Opõe-se à frieza, à distância e à reserva na relação interpes-soal, tornando esta mais difícil e lenta. A cordialidade é a relação que brota imediatamente do coração, pelo que se exprime na maneira simpática como a pessoa se exprime, na imediatez e sinceridade do contacto com os outros. Estes sentem-se compreendidos, estimados e amados. Esta qualidade é uma forma de amizade e mesmo de amor que toca o coração das pessoas e os estimula a abrirem-se a quem deles se aproxima e os cativa com o calor das suas palavras ou dos seus gestos. D. Serafim tem vivido a cordialidade de múltiplas formas e em várias ocasiões. Procura saber o nome e outros dados, para tratar cada um de forma personalizada e criar empatia. Interessa-se pelas pessoas e faz-se próximo, sobretudo em situações de doença ou de infortúnio, com a visita, uma mensagem, um telefonema ou uma carta. Revela-se bom anfitrião no acolhimento caloroso e sem exageros daqueles que recebe em casa. Com palavras e gestos simples, gera neles à-vontade e simpatia. Facilmente, em qualquer situação, estabelece relação, quebrando o gelo ou a rigidez da formalidade com uma palavra oportuna ou um gesto simples. Assim abre portas para o encontro das pessoas. O empenho em criar pontes, levou-o a estar presente em inúmeros encontros e eventos, a escrever mensagens a desportistas, advogados, autarcas e aos deputados eleitos pelo distrito de Leiria. Incentivou a realização e participou em encontros com variados grupos da sociedade civil ou do desporto. No mesmo sentido, aceitou fazer parte do Conselho Superior da União Despor-tiva de Leiria. Também em grandes assembleias procura criar o mesmo clima de distensão e boa disposição, usando frequentemente o jogo com as palavras ou o sentido de humor. A cordialidade não a faz só com palavras. D. Serafim tem gestos espontâneos, por vezes carregados de simbolismo, que quebram barreiras e aliviam tensões e sofrimentos. A sua intenção é ajudar as pessoas. Então, manifesta solidariedade, amor profundo, capacidade de partilhar do peso dos outros. Um exemplo, entre muitos, foi a sua deslo-cação para celebrar a eucaristia em memória dos peregrinos de Fátima vítimas de um acidente de viação. Outro gesto feliz: no funeral de um jovem padre, entregou à mãe o rosário que, dias antes, recebera das mãos do Papa. Desejando auxiliar os pobres, entregou o anel da sua ordenação episcopal para dar início a um fundo de luta contra a pobreza, na Cáritas Diocesana. A cordialidade granjeou a D. Serafim admiração geral por parte da opinião pública. Por isso, a sua presença e palavra são requisitadas. Mas, devo dizer em abono da verdade, nem sempre e em todos os lugares, a mencionada qualidade foi bem compreendida e universalmente aceite. Há quem deseje um estilo diferente tanto na celebração da liturgia como na comunicação da mensagem cristã. Em resumo e apesar do menor agrado aqui ou ali, nestes anos de serviço pastoral na diocese de Leiria-Fátima, D. Serafim tem sido um protagonista da cordialidade. É mestre neste jeito de conviver e comunicar com as pessoas. P. Jorge Guarda Vigário-Geral Diocese Leiria-Fátima


Diocese de Leiria-Fátima