Dossier

De Viena a Lisboa

João Carmona
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ICNE

«Viena, Paris, Bruxelas, Lisboa… Cada uma destas grandes metrópoles tem a sua história e o seu rosto». Esta afirmação surge na primeira linha da “Carta-fundadora†do Congresso Internacional para a Nova Evangelização (ICNE), subscrita pelos respectivos Cardeais, visando a evangelização das grandes metrópoles. A opção de realizar um único Congresso - cujas sessões decorrem em cada cidade, sem interrupção desse mesmo Congresso -, confere à iniciativa um carácter unitário e ao mesmo tempo uma dimensão plural e internacional que lhe são específicas. É o lugar e o tempo para «se encontrarem, reflectirem e trocarem informações e experiências», e também «promoverem a nova evangelização nas grandes metrópoles e renovar as paróquias urbanas, através da missão». Viena, cidade onde decorreu a primeira sessão de 23 de Maio a 01 de Junho de 2003, foi um verdadeiro «laboratório da Europa» no que se refere à Missão e Nova Evangelização, numa iniciativa original em que os participantes foram convidados a serem actores de uma vasta missão na capital austríaca. Sob a palavra de ordem «Abri as portas a Cristo!», durante dez dias, os cerca de 5.500 participantes, de todas as idades, vindos de 30 países diferentes e de todos os continentes, estes alojados em famílias vienenses, irão aprender a testemunhar a sua fé com mais audácia, participando em actividades missionárias em íntima ligação com as paróquias de Viena. O ambiente jovem, alegre e entusiasta que animou a Praça da Catedral de Santo Estêvão estendeu-se por toda a cidade e a presença de “missionários†em Viena terá contribuído, durante esses dias, para mudar a imagem que muitos Austríacos tinham da Igreja, numa cidade em que apenas 12% são praticantes. As experiências missioná-rias pela cidade alternavam com tempos de discussão, de escuta de conferências na Catedral e, principalmente, com momentos de oração e adoração 24 horas por dia, em diferentes locais. A mobilização das paróquias, foi efectuada pessoalmente, por uma delegada do Cardeal Schönborn, de modo personalizado, através de contacto directo com os párocos, as estruturas paroquiais e os movimentos cristãos, de tal modo que a adesão foi maioritária: 110 das 170 paróquias da cidade de Viena. Juntamente com os «missionários» do Congresso, os párocos implementaram animação às portas e nos adros das igrejas. Foram colocadas tendas de acolhimento onde se servia chá ou café, onde grupos musicais actuavam enquanto outros distribuíam imagens ou propostas aos transeuntes, mantendo, deste modo, as portas das igrejas abertas, facto inédito numa cidade em que estes locais apenas abriam para os actos de culto. Mas porquê esta evocação de Viena, no momento em que termina a sessão do Congresso em Paris? A razão é simples: é de elementar justiça relembrar a importância pioneira de Viena. Sem essa experiência não teria sido possível realizar tão frutuosamente a sessão em Paris, tal como não o será em Lisboa. De facto, a “novidade†desta iniciativa reside precisamente nesta experiência missionária e de catolicidade da Igreja, na partilha de experiência evangelizadora entre igrejas diferentes, mas cujo contributo individual enriquece todos e cada um dos outros. Que ninguém duvide que o mais importante para cada cidade organizadora não serão os dias do Congresso, propriamente ditos, não obstante o brilho das acções que tiverem lugar nesses dias. Os frutos mais preciosos decorrerão da capacidade de mobilização das paróquias e movimentos no tempo preparatório que antecede os dias do Congresso em Lisboa; mas também do aproveitamento das potencialidades geradas pelo próprio Congresso, de modo a «incentivar o espírito missionário e o sentido de missão, formar cristãos para poderem participar na missão da Igreja, […] apresentando a santidade como meta da vida cristã», como lembrou o Senhor Cardeal Patriarca de Lisboa na apresentação do Ano Pastoral 2003-2004. Diác. João Carmona Comissão Central ICNE


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