A diocese de Leiria-Fátima celebra os jubileus presbiteral (50 anos de presbítero, a 1 de Agosto) e episcopal (25 anos de Bispo e 74 anos de vida, a 16 de Junho) de D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva, em plena realização do Ano Agostiniano pelo qual evoca os 1650 anos do nascimento do seu Padroeiro, Santo Agostinho, bispo e doutor da Igreja, figura ímpar da cultura ocidental. D. Serafim é o quarto bispo da Diocese restaurada e o vigésimo quinto desde a sua criação, em 1545.
Esta feliz coincidência dá-nos a oportunidade para, por um lado, aprofundar-mos o sentido de pertença à Diocese, porção do povo de Deus que peregrina entre os homens e mulheres desta região da Alta Estremadura, valorizando o lugar e a missão do bispo na Igreja Local e celebrando o seu ministério como princípio de comunhão na Diocese e entre as Igrejas, em união com o Papa João Paulo II; por outro lado, oferece-nos as condições necessárias para ousarmos o diálogo com os dinamismos culturais da Região, porque a seriedade com que Santo Agostinho aborda o mistério da condição humana a ninguém deixa indiferente, independentemente da sua condição social, nível cultural, situação religiosa ou opções de vida. Prova disso foi a receptividade aos nossos pedidos de colaboração e a qualidade dos contributos recebidos.
O jubileu episcopal de D. Serafim traz-nos à lembrança o que dizia Santo Agostinho por ocasião do seu aniversário de ordenação episcopal: «A partir do momento em que foi colocado sobre os meus ombros este cargo de tanta responsabilidade, atormenta-me a preocupação da dignidade que a acompanha. De facto, o que há de mais temível neste ministério é o perigo de nos satisfazer mais o seu aspecto honorífico do que a sua utilidade para a vossa salvação.
Mas, se por um lado me atemoriza o que sou para vós, por outro lado consola-me o que sou convosco. Sou bispo para vós, sou cristão convosco. Aquele nome significa um encargo recebido, este exprime o dom da graça; aquele é ocasião de perigo, este é caminho de salvação... Ajudai-me com a vossa oração e com a vossa obediência, de modo que encontre maior alegria em ser vosso servo do que em ser vosso chefe» (Antologia Litúrgica, 4052).
Por seu lado e aquando da instituição do Ano Agostiniano, em Nota Episcopal, D. Serafim fazia votos para que as luminosas intuições do Bispo de Hipona fossem não só um estímulo para vivermos melhor a fé, como também nos levassem a contribuir para o enriquecimento da cultura actual, vazia, tantas vezes, de valores que dignifiquem a vida humana. De facto, um dos grandes momentos de viragem de Santo Agostinho dá-se quando chega a perceber os limites da cultura, ao reconhecer que o homem está acima de todos os seus produtos, incluindo os culturais, pois nenhum deles pode satisfazer o seu coração. Aqui se descobre também a permanente actualidade do seu pensamento, pois oferece à Modernidade e à pós-Modernidade um critério seguro para a revisão de um dos seus grandes equívocos.
Por isso, afirma D. Serafim: «O pensador e lutador Agostinho continua a ser farol, na busca sem tréguas e no diálogo com audácia e esperança. Oxalá o Ano Agostiniano na nossa Diocese de Leiria-Fátima, em permanente caminhada sinodal, seja mais um reforço e gesto de vida sacramental de “confissões” da nossa fragilidade e das nossas faltas, de “promessas” de perdão recíproco e entre-ajuda, de “celebrações festivas” da nossa vida e da nossa esperança» (Nota Pastoral sobre Santo Agostinho, nn. 9-10).
Estes dois eventos da Igreja dioce-sana cruzam-se em três momentos:
1) 16 de Junho, dia em que D. Serafim celebra o seu aniversário natalício e os 25 anos de ordenação episcopal, será apresentada, pelas 21h00, uma encenação pelos alunos do Colégio de Nossa Senhora de Fátima, na igreja de Santo Agostinho, em Leiria, sobre a conversão de Santo Agostinho, chamada: Santo Agostinho, um coração inquieto;
2) 19 de Junho, dia em que a Diocese se reúne para celebrar o seu ministério episcopal, Sua Ex.cia Rev.ma presidirá, às 15h00, na Catedral, à Eucaristia, seguindo-se um Convívio com todos os presentes nos Claustros; ao serão, pelas 22h00, na igreja de São Pedro, será repetida uma das peças do Ciclo de Teatro sobre Santo Agostinho que integrou o VI Festival de Teatro da Alta Estremadura, chamada Memórias, pelo grupo de teatro Nariz;
3) 13 de Julho, dia da dedicação da Catedral, será repetido, na Sé, o Concerto da Orquestra de Sopros da EMOL que integra uma composição original do seu Maestro, Alberto Roque, dedicada a Santo Agostinho, chamada Servus Tuus Humilis, estreada no Festival de Música em Leiria deste ano.
Saudamos o nosso bispo D. Serafim pelo aniversário natalício e os jubileus de ordenação sacerdotal e episcopal, pedindo ao Senhor as maiores bênçãos para a sua pessoa e ministério episcopal.
Leiria, 7 de Junho de 04
Pe. Manuel Armindo Pereira Janeiro
Dir. Centro de Formação e Cultura
Diocese de Leiria-Fátima