Aproxima-se a Semana Nacional de Educação Cristã, que se realizará de 3 a 10 de Outubro do presente ano. É uma oportunidade única para reflectir, rever e analisar a própria concepção de educação, de educação cristã. No mundo de hoje, não basta ter uma mensagem a divulgar, a apresentar...
É preciso ser conhecedor das pedagogias e das cosmovisões de quem é o nosso interlocutor.
A transmissão da fé e dos valores cristãos é uma questão de primordial importância. Como se educa uma criança, um adolescente, um jovem? Como se ajuda a pessoa a crescer para uma personalidade plenamente desenvolvida nas suas várias dimensões? Estas são questões actuais e importantes para uma educação na fé e nos valores cristãos. De facto, não basta, apesar de indispensável e inadiável, rever programas e manuais! É urgente o conhecimento do outro...
A educação para uma vida moralmente alicerçada em valores cristãos é uma missão que procura mostrar, a toda a comunidade educativa, a possibilidade de uma vida mais plena, uma vida com qualidade e com Sentido. Não se encontra disponível nos supermercados sociais... Ela é um processo que precisa de tempo, esforço e vontade. (1) Formar homens com mais maturidade e responsabilidade é tarefa para toda a vida... e para todos! De facto, só a empatia e a correspon-sabilidade, entre os diversos agentes educativos, poderão permitir às novas gerações o caminhar por sendas mais significativas e duradoiras...
A família é a responsável pelo crescimento humano, social, cultural e espiritual dos filhos. Ela tem um papel insubstituível... É tarefa das famílias responsáveis acompanhar, com alegria, a educação harmoniosa e feliz dos filhos. Se a família, na sua essência, não estabelecer padrões de responsabilidade, de generosidade, de participação e de diálogo... quem terá autoridade e capacidade para estabelecer padrões de vida em comum?! Ou será que se pretende que os alunos pensem que uma educação para os valores é contra natura familiaris?!...
A riqueza da educação, e duma educação cristã, está profundamente associada à das famílias. À escola compete apoiar a família na sua missão educativa de berço da vida e de escola de virtudes. A vida e a educação coexistem... O ser humano vê, experimenta e aprende a ser. Por conseguinte, também a escola é permanentemente comunidade educadora. O papel do professor, em especial o professor de EMRC, é o de semear, cuidar e velar pela semente lançada. Porém, em terrenos preparados, a semente germina, cresce e dá o seu fruto... Mas nos campos áridos, mais tarde ou mais cedo, a semente ficará indefesa e frágil. Por vezes, tornar-se-á estéril... e, por fim, inútil.
A Igreja, através da Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC), a pedido dos encarregados de educação e dos alunos, proporciona um processo complementar de formação cristã, que oferece aos alunos a possibilidade, o conhecimento e a faculdade de elaboração de uma síntese esclarecida entre a fé, a cultura e a vida. (2) Contudo, numa sociedade em contínua mudança, é premente a necessidade de rever os programas, os manuais e as pedagogias da disciplina de EMRC... Proporcionar aos alunos e professores meios mais eficazes e actuais, e por conseguinte, significativos... é uma tarefa urgente, demasiado urgente!
A EMRC procura educar as novas gerações para a esperança. Esperança numa vida com sentido, numa vida com qualidade e num mundo bem melhor, onde as opções de cada um devem ser responsáveis e fundamentadas em projectos de vida e escolhas vocacionais bem amadurecidas.
O professor, em especial o de EMRC, é um homem de fé. Com a sua vida, a sua competência e o seu saber, testemunha a actualidade da mensagem do Evangelho para o homem, para a sociedade e para o mundo hodierno. Felizmente, encontramos muitos exemplos dignos de louvor... No meio de muitas dificuldades... algo emerge, são sinais de esperança! Numa educação cristã, é decisiva a forma como se vive a fé nos vários âmbitos comunitários: família, paróquia, grupo de catequese e escola. (3) É com estas pessoas que se testemunha quotidianamente os valores do Evangelho e d’Aquele em quem se acredita, ajudando os outros a descobrir a verdadeira Fonte das águas cristalinas.
Conheço um professor que todos os dias faz, com amor, esta breve oração:
«Senhor, que uma criança reconheça hoje, no meu olhar, o Teu olhar»
Paulo Morgado
SNEC
Notas
(1) A educação é um processo gradual, lento e progressivo.
(2) É um itinerário de descoberta que deve estar adaptado aos diferentes caminhos pessoais, segundo as respectivas idades e os estados de vida.
(3) “A fé vive-se na comunidade cristã e anuncia-se na missão: é uma fé partilhada e anunciada” (DGC 84).
