Um Capítulo Geral (CG) é um grande encontro de família. Ali se reúnem delegados eleitos pelo universo da Congregação para avaliar o percurso feito, eleger o Superior Geral e seu Conselho e traçar as grandes linhas para a Missão nos tempos que se seguem. Ser Capitu-lante é um grande desafio e uma enorme responsabilidade.
A 20 de Junho, a TVI mostrou a Abertura dos trabalhos, numa Eucaristia que congregou os Capitulantes, os Espiritanos portugueses, as Irmãs Espiritanas e numerosos leigos que lideram os Movimentos e Grupos que partilham a Espiritua-lidade e a Missão dos Espiritanos. Ao fim da tarde, à ‘porta fechada’, o Superior Geral acendeu a ‘chama capitular’ que arderá até ao fim do Capítulo e abriu oficialmente este CG2004.
Partilha de Experiências
Depois do Retiro inicial, a primeira semana foi dedicada a Relatórios: do Superior Geral e do Ecónomo Geral. Fez-se, desta forma, a avaliação dos últimos seis anos. Tal proporcionou vivos debates em plenário e nos trabalhos em Comissões.
Chegou, a 24 de Junho, o espaço a grandes intervenções. O P. Eduardo Miranda, de Portugal, mostrou como foi vivido o Jubileu dos 300 anos em Portugal. Servindo-se de um powerpoint, apresentaram-se os eventos, celebrações e publicações que marcaram a celebração do tricentenário dos Espiritanos. Outros capitulantes aproveitaram a oportunidade para partilhar o que se viveu nos seus países.
O P. Anton Gruijters, da Holanda com vasto curriculum por terras da Amazónia, falou da relação entre a Acção e a Contemplação no contexto dos compromissos espiritanos.
O dia 26 foi dedicado às Missões de alto risco. O P. Barnabé Sakulenga falou da guerra em Angola, das feridas que ela abriu, das apostas dos Espiritanos no ministério da Reconciliação e do muito que há a fazer na reconstrução do país, a todos os níveis.
O P. Óscar Ngoy falou da guerra na República Democrática do Congo, disse que a missão em situação de conflito exige dos Espiritanos uma presença atenta. Desta atitude nascem os mais diversificados compromissos, desde a ajuda humanitária ao apoio ao desenvolvimento, passando pelo apoio a quantos a guerra traumatizou.
O P. Pierre Cherfily falou da presença espiritana num Haiti em tensão permanente; o P. Gabriel Luseni deu a conhecer a situação dramática que se vive na Serra Leoa e o P. Vedastus Babu descreveu a presença espiritana entre os refugiados que fugiram dos confrontos sangrentos do Ruanda e do Burundi e que, actualmente, vivem nos campos da região de Kigoma, na Tanzânia. Recordou uma frase que, um dia, um refugiado lhe disse: ‘Se eu não perdoar, a guerra nunca mais acabará’.
A 25 de Junho, a Eng. Lourdes Pintasilgo falou das relações Norte –Sul.
Jean Paul Hoch, veio de Taiwan falar dos novos compromissos espiritanos na Ásia (Filipinas, Taiwan e Paquistão); o P. John O’Brien falou, a partir da sua experiência no Paquistão, acerca do Diálogo Inter-Religioso. Dos Camarões, o P. Daniel Taba falou do desafio da primeira evangelização. O P. Ekeanyanwu veio do Zimbabwe partilhar o apoio missionário que os Espiritanos dão à Igreja local.
Novas e Antigas Províncias
A segunda semana arrancou com a partilha de experiências das novas e antigas províncias dos Espiritanos. Sobre as Novas, o P. Lambert Ndjana contou como a Província da África Central nasceu e está a crescer, com muitas vocações. O P. Wenceslas Rabe, da Fundação Oceano Índico (Madagascar, Ilha Maurícia, Reunião e Seychelles), partilhou a dificuldade na procura da identidade espiritana num contexto de comunidades inter-culturais. O P. Altevir da Silva mostrou a Província do Brasil com poucos membros para tão grandes distâncias e apelos de Missão. Salientou o facto de, periodicamente, se encontrarem os Superiores do Brasil, do Paraguai e do México.
As Províncias mais velhas (da Europa e da América do Norte) têm poucas vocações e um futuro algo incerto. Mas há empenhamentos novos que dão esperança ao futuro das províncias que nasceram primeiro e que espalharam Missionários por todo o mundo.
Intervenção do Patriarca
D. José Policarpo foi dizer aos Capi-tulantes que a Europa é um continente onde a Fé cristã influenciou a cultura e a própria história e disse que o velho continente ainda tem hoje um papel a desempenhar no mundo. A Europa vive na esperança, mas falta saber qual o fundamento desta esperança. É preciso dizer à Europa: ‘começa outra vez de novo; não te assustes com a crise’. A Igreja não pode ficar à defesa. É preocupante a falta de presença dos cristãos na ‘cidade dos homens’. Dá a ideia de que, porque o mundo é agressivo, nós recolhemos ao abrigo!
Comunidades Internacionais
Um painel de quatro espiritanos partilharam sobre as suas experiências de vida em comunidade internacional. O P. Peter Conaty veio dizer da sua alegria de, no México, haver 19 Espiritanos de 12 Países diferentes. O P. Jude Nnorom falou da experiência na África do Sul, o P. Albino Vitor Oliveira apresentou a realidade espiritana do Paraguai e o P. Daniel Sormani, americano, contou a interna-cionalidade que se vive no Mindanao, na comunidade que trabalha nas Filipinas.
A Interactividade do Capítulo faz chegar, dos quatro cantos do mundo, sugestões e opiniões que enriquecem o debate e ajudam os capitulantes a avançarem no seu trabalho.
O Eng. Roberto Carneiro foi o último dos convidados e falou do encontro de culturas e Missão.
Eleições e decisões
O Superior Geral será eleito em breve. Depois virão a eleição do seu Conselho. Ao longo do CG 2004 serão aprovados alguns documentos. O Encerramento oficial, a 17 de Julho, vai reenviar para os quatro cantos do mundo Missionários que vão continuar a anunciar o Evangelho aos Pobres.
Tony Neves
Missionário Espiritano