Somos uma associação de voluntários que, através de uma presença humana e cristã, procuram apoiar os homens e as mulheres que se encontram presos.
Fomos C.C.C. – Confraternidade Carcerária Cristã – por tradução directa e ligação à Prison Fellowship Internacional.
Mas a expressão “confraternidade carcerária” deixou de ter sentido porque, apesar do conservadorismo das instituições, o carcereiro foi substituído pelo educador prisional, (se ainda não foi, já deveria ter sido).
Recuperamos assim uma outra sigla que em tempos um grupo de padres e leigos apresentara aos bispos portugueses: F.I.A.R – Fraternidade das Instituições de Apoio a Reclusos.
Continuamos filiados no movimento voluntário cristão internacional de apoio aos reclusos: P.F.I. - Prison Fellowship International – órgão consultivo da ONU.
Afirmarmo-nos cristãos não é mais que reconhecer as nossas humanas limitações e, ao mesmo tempo, acreditar nas potencialidades de uma vivência espiritual capaz de nos transformar ajudando assim a construir uma comunidade mais fraterna e solidária.
Somos um grupo plural, não queremos excluir ninguém, mas não podemos deixar de afirmar que procuramos o sentido de ser cristãos nos homens e nas mulheres mais marginalizados, mais desprezados das nossas sociedades.
Integra também a F.I.A.R., um grupo de cristão evangélicos igualmente preocupados com o meio prisional. Somos uma Associação aberta a todos os homens e mulheres a dar um pouco de si aos mais desprotegidos – aos últimos, como diz o Evangelho.
Porque o “ Espirito sopra onde quer e como quer”, precisamos de voluntários que com as suas múltiplas valências possam ajudar a enriquecer a vida nas prisões, proporcionando aos presos uma maior valorização do tempo de reclusão.
Neste sentido pensamos ser uma exigência do movimento cristão de visita-dores a reflexão em ordem à proposta de alternativas aos actuais estabelecimentos penitenciários do País.
Estamos cansados e fartos de ouvir comentar: “As prisões como estão ( ou são) transformam-se em Escola de crime”.
Todos os dias ouvimos dizer: “este sistema não tem ponta por onde se lhe pegue” ... “Acham que aqui se aprende alguma coisa?!” ... “Isto sai caro ao estado e os resultados são o que se vê”. “O problema das prisões é demasiado importante para ser entregue apenas a serviços prisionais”. “Toda a comunidade deve ser chamada a (re) educar”.
Não se deseja destruir o que temos. É necessário continuar a melhorar os estabelecimentos prisionais que temos quer nas suas condições físicas quer sobretudo no campo da educação e da formação.
Quando se fala em construir mais prisões interrogamo-nos: Mais do mesmo para quê?!
É urgente então um novo modelo, um novo paradigma.
Embora tenhamos de reconhecer a necessidade da punição pensamos que a função mais nobre, mais comum e mais gratificante deve ser a função de educar para a liberdade e para a realização pessoal e social. O mais elementar bom senso leva a interrogar-se como é possível que tal possa acontecer em meios fechados.
É tempo de propor a criação de centros de ressocialização para cidadãos condenados cuja gestão e direcção sejam entregues à iniciativa privada asso-ciativa sem fins lucrativos e/ou à administração do Estado sempre que a primeira solução não for possível.
Rui Brejo
Secretário da Direcção