Dossier

Guerra politica ou informativa

Pe. Edgar Clara
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O director da «Voz da Verdade», Pe. Edgar Clara, realça que "Não poderemos deixar a decisão do futuro da vida de Portugal nas mãos dois ou três políticos"

Observando as informações sobre o panorama político, confrontamo-nos com uma guerra entre os líderes partidários e não com uma campanha política. Os ataques e acusações mútuos entre os diferentes membros políticos alimentam especulações e curiosidades jornalísticas. Esperavam alguns que, depois de demitido o governo e diluído o parlamento, houvesse maior clareza por parte dos diferentes líderes concorrentes. No entanto, está criada maior confusão ainda. Não chegamos a compreender se a situação política actual é uma guerra montada pelos líderes políticos ou pelos jornalistas. O que há, de facto, é um deficit de ideais políticos e, jogando a guerra da informação, desviam as atenções para assuntos demasiadamente laterais. “Queremos maioria absoluta; queremos obter mais votosâ€, são as frases mais escutadas nas campanhas políticas. Mas o que têm os políticos feito para que os portugueses cumpram este desejo? Quantos são os portugueses que conhecem as propostas apresentadas pelos diferentes partidos? Poder-se-ia dizer aqui que a informação sobre os programas e propostas dos diferentes partidos não chegam ao cidadão por maldade da comunicação social. Infelizmente, não é verdade! Basta seguir com atenção os tempos de antena, os debates públicos, os frente a frente dos lideres partidários. No debate político não têm respondido às aspirações de muitos portugueses. Os tempos de antena pouco têm diferido dos noticiários. Apesar de não estarmos a viver o momento mais belo da história política portuguesa, é bom não esquecer que o dia de eleições se aproxima e todos somos chamadas a uma participação activa da vida política. O acto eleitoral que se aproxima é a prova de que todos os portugueses são chamados a marcarem a diferença na vida política. Não poderemos deixar a decisão do futuro da vida de Portugal nas mãos dois ou três políticos. O acto eleitoral dá-nos o poder de, consciente e livremente, dar a Portugal uma política de acordo com os ideais de cada cidadão. Na certeza de que a crise política brota da crise de ideais que se tem instalado nas sociedades ocidentais, não podemos descurar a atenção às propostas que são feitas pelos diferentes partidos. Todos deveríamos obter com clareza as propostas de programa de governo. A ambiguidade de linguagem com que todos têm falado deixa-nos profundamente baralhados. Apesar da ausência de ideais, da ambiguidade de linguagem e as lutas políticas, todos sabemos quais as posições políticas de alguns líderes quanto às questões fundamentais que preocupam as nossas vidas. Por isso, o próximo acto eleitoral não começará quando entregarmos o cartão de eleitor, mas quando começarmos a compreender as propostas que nos são feitas. Pe. Edgar Clara


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