Dossier

Igreja e comunicação: A divagar... se vai ao longe

José Vicente Ferreira
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José Vicente Ferreira

Vivemos tempos de permanente desassossego. Tanta liberdade, tanto desenvolvimento, tanta tecnologia, tanta razão e ao mesmo tempo tanta inquietação. Vivemos tempos em que os filhos pródigos, leia-se as nações e as pessoas, continuam a afastar-se de Deus. A liberdade parece ser cada vez mais o exercício de interesses egoístas ou de imposições de quem tem mais poder. A liberdade não tem nada a ver com esta arquitectura. A liberdade é um verdadeiro exercício de esperança e de procura da verdade. Falar de Esperança significa ajudar a encontrar o SENTIDO DO FUTURO. É esta a tarefa que tem que ser cumprida por todos as pessoas de boa vontade. É esta missão de esperança e de procura da verdade que a comunicação social da Igreja tem que fazer presente às pessoas de hoje. E para que algo possa vir a ser diferente alguma coisa terá que ir mudando pois só assim será possivel responder aos desafios do futuro e criar uma cultura cristã e uma opinião pública cristã. Dir-se-ia que o futuro parece pouco risonho. Mas, é precisamente das situações que não entendemos, ou até condenamos, que se pode olhar a Esperança como o caminho alternativo às nossas inquietações. O caminho a seguir só poderá ter um sentido, o da busca permanente da perfeição das pessoas, pois só assim será possivel sair da indiferença, olhar o mundo com outros olhos, os da palavra de Deus, e tomar posições sobre o que nele vaI acontecendo. Só assim será possivel fomentar a Verdade, a Justiça e a Paz. Vale a pena relembrar Goethe quando dizia: ”Que Deus me conceda a inteligência suficiente para não me tornar um obstáculo para mim mesmo”. O desafio que se nos coloca é o de irmos caminhando dentro do nevoeiro dos aconteci-memtos. E é aqui que entram as “minhas escolhas” traduzidas em quatro vectores de actuação. O primeiro vector passa pelo desenvolvimento do Projecto ECCLESIA, traduzido na criação do jornal ”On-line”- “Ecclesia Digital” e na colocação de conteúdos informativos e formativos noutros públicos, nomeadamente nas paróquias, apoiando a criação de Boletins Paroquiais, ou seja fazer reviver ou iniciar aquilo a que se pode chamar “comunicação de vizinhança”. Este Jornalismo de vizinhança é o segundo vector e visa de forma simples e directa ajudar o povo de Deus a fazer a leitura cristã dos sinais dos tempos e a saber entender que a “Palavra do Senhor” e a “Palavra de Salvação” tem lugar na vida de cada dia. Estes Boletins Paroquiais podem ser um importante meio de comunicação ao serviço da Nova Evangelização. O terceiro vector passa pelo desenvolvimento daquilo a que podemos chamar “comunicação de proximidade”, traduzido em “Projectos de Jornais Diocesanos”, capazes de dar voz a nível regional/local aos valores do Evangelho e da Tradição Cristã manifestados na vida, na alegria, no sofrimento, na esperança e em tantas situações da vida humana... Afinal pretende-se que cada jornal saiba traduzir no seu conteúdo as propostas que Jesus Cristo nos apresenta no Seu “livro de estilo” quando afirma: -”Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”. Um quarto vector passa pela clarificação de muita publicação directa ou indirectamente ligada à Igreja, sabendo discernir a que interessa da que está a mais. Na esfera de acção da Igreja continuo a dizer que há jornais a mais e a menos, ou seja, há jornais que continuam na sua pacata rotina sem qualidade e com conteúdos que nada acrescentam à vida das pessoas e das comunidades. Por outro lado falta alguma coisa, leia-se jornal ou revista, aquilo a que se poderá chamar “comunicação de globali-dade” capaz de dar voz activa, em termos de universalidade e catolicidade, de forma sistemática, periódica e em tempo oportuno ao “Rápido Desenvolvimento”. De facto, os tempos não estão fáceis, mas por isso mesmo são propícios ao esclarecimento das consciências e ao gosto pelo conhecimento. É nos tempos difíceis que se aguça a imaginação e se pode ver para além do temporal. Continuo a ser um homem de Esperança e por isso acredito num futuro onde os valores do espírito saberão “Abrir as portas ao Redentor” e ajudar a construir uma outra sociedade mais feliz. José Vicente Ferreira


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