Dossier

Igrejas acolhedoras para as pessoas deficientes

Octávio Carmo
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No dia 3 de Dezembro de 2000, Jubileu das pessoas deficientes, João Paulo II lançou um desafio a toda a Igreja, para que se tornasse uma “casa acolhedora†para todos os que, no seu corpo, transportam a marca de uma ou mais deficiências. O Ano Europeu das Pessoas Portadoras de Deficiência, que celebramos em 2003, abre um espaço privilegiado de reflexão sobre intenções manifestadas pelo Papa em relação a estes homens e mulheres que são, nas palavras de João Paulo II, “portadores de uma intensa esperança de libertação†com o seu corpo e a sua vida. A participação das pessoas com deficiência na vida da Igreja é, em muitos casos, um desafio a cada um dos seus membros, pelo testemunho que dão, pelas interrogações que provocam, pela vida que fazem nascer à sua volta. Mas é também um direito que cada uma dessas pessoas tem de poder participar na construção dessa mesma Igreja, como defende a Fraternidade Cristã dos Doentes Crónicos e Deficientes Físicos, movimento de evangelização, nascido em França. Todos sabemos, porém, que são muitos os obstáculos que se colocam à integração nas comunidades paroquiais de pessoas com problemas motores, auditivos ou de qualquer outra espécie. As barreiras arquitectónicas, felizmente, tendem a desaparecer. No passado dia 21 de Novembro, por iniciativa das Secretarias de Estado da Segurança Social, da Habitação, dos Transportes e do Ordenamento do Território, assim como do Secretariado Nacional para a Reabilitação e Integração da Pessoa com Deficiência (SNIRPD), realizou-se uma reunião de trabalho sobre o Decreto-lei 123/97. Este novo diploma consagra quatro princípios básicos: visitabilidade, acessibilidade, habitabilidade e adaptabilidade. O Arq. Flores Ribeiro, do Departamento das Novas Igrejas do Patriarcado de Lisboa afirma que esse princípios já são respeitados na construção das actuais igrejas, dando como exemplo o seu projecto em Alcabideche, igreja inaugurada em 1 de Novembro de 2002. A solução não passa apenas pela “rampaâ€, há um corredor especial que leva as pessoas com mobilidade reduzida directamente ao coração da comunidade, junto ao altar. O trabalho da comunidade não acaba, como é óbvio, na “rampaâ€: as pessoas portadoras de uma qualquer deficiência, constituem mais de 10% da população. As comunidades paroquias, na sequência da mensagem do Papa para o Dia Mundial do Doente de 2003, devem aprender a ter presentes estas pessoas e conhecê-las, fazer caminho com elas, buscá-las para participarem não só nas Eucaristias, mas também noutras actividades que nela se realizam.


Pessoa com deficiência