Dossier

II Concílio do Vaticano: O ecumenismo do cónego Geraldes Freire

Luís Filipe Santos
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Numa época em que mal se falava de ecumenismo, este sacerdote natural da Diocese de Portalegre - Castelo Branco encontrou naquele quartel militar um subordinado que era pastor da Igreja Baptista e o com o qual "manteve cordeais relações durante bastante tempo, atitude pouco comum naquela época e já reveladora do seu espírito tolerante", escreveu João Ribeirinho Leal na revista «Humanitas»; Vol L (1958).

O II Concílio do Vaticano (1962-65) ainda não tinha dado os primeiros passos e o termo «ecumenismo» raramente era pronunciado. Todavia, de 1957 a 1959, o cónego José Geraldes Freire desempenhou as funções de capelão militar no Quartel de Santa Margarida. Aí, segundo as suas próprias palavras, «recebeu lições de respeito pelas hierarquias, de camaradagem e de espirito de sacrifício, de cumprimento abnegado do dever».

Numa época em que mal se falava de ecumenismo, este sacerdote natural da Diocese de Portalegre – Castelo Branco encontrou naquele quartel militar um subordinado que era pastor da Igreja Baptista e o com o qual “manteve cordeais relações durante bastante tempo, atitude pouco comum naquela época e já reveladora do seu espírito tolerante”, escreveu João Ribeirinho Leal na revista «Humanitas»; Vol L (1958).

Esta figura da Igreja e professor catedrático jubilado da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra faleceu este mês de março, na cidade do Mondego. Nasceu a 14 de maio de 1928, em S. Miguel d'Acha, e foi ordenado presbítero a 15 de agosto de 1951 na catedral de Portalegre.

O padre José Geraldes Freire foi nomeado professor do Seminário Maior de Portalegre em 1955 e, a partir de 28 de setembro de 1963, é “autorizado a exercer o cargo de Professor de Clássicas na Universidade”.

Com apenas 21 anos de idade tornou-se secretário de D. António Ferreira Gomes, na altura bispo de Portalegre – Castelo Branco. O prelado esteve naquela diocese portuguesa de 1948 a 1952. O próprio cónego Geraldes Freire escreveu na obra «D. António Ferreira Gomes – Escritos Pastorais de Portalegre (1948-1952)», editada pela Fundação SPES, que “guardo recordações imorredouras de uma convivência próxima, que me permitiu ouvir muitas das suas alocuções e conversas, enfim, conhecer o pensamento de D. António, expresso quer de modo renovado, quer de modo recorrente, mas sempre com abordagens novas”.

Conhecedor das “brilhantes qualidades intelectuais do novo sacerdote”, D. António Ferreira Gomes designou-o também como redator principal do órgão diocesano «O Distrito de Portalegre». Beneficiando da “notável ação e do forte dinamismo” do novo seu redator «O Distrito de Portalegre» renovou-se, “aumentou significativamente as suas tiragens”, transformou-se num verdadeiro jornal de opinião ao serviço da diocese e de acordo com a “orientação do espírito lúcido e da superior inteligência de D. António Ferreira Gomes, seu assíduo colaborador”, lê-se no testemunho João Ribeirinho Leal. A rúbrica «Notas e Factos» da autoria de Geraldes Freire fizeram e ficaram na história.

Uma obra que fica para a posteridade deste ilustre sacerdote é: «Resistência Católica ao Salazarismo – Marcelismo».

LFS



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