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II Concílio do Vaticano: Retoque do cardeal Cerejeira foi derrotado pelos bispos

Luís Filipe Santos
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Nessa mesma plenária de maio, Goncalves Cerejeira disse que se sentia à vontade para "defender a nova redação que se havia introduzido no texto e insistiu nas vantagens dessa nova redação". O assunto foi posto à votação. "Pronunciaram-se a favor, 9 bispos; 10 votam contra". Vingou o princípio de que, após a cessação de funções de Gonçalves Cerejeira como bispo de Lisboa, o presidente da CEP seria eleito.

No II Concílio do Vaticano (1962-65), um dos temas debatidos com mais vivo interesse foi a colegialidade episcopal. A partir da eleição de D. Manuel Gonçalves Cerejeira como patriarca de Lisboa os bispos passaram a reunir-se “mais assiduamente para fazer o seu retiro anual e, naturalmente, para tratar de assuntos que diziam respeito à Igreja em Portugal”, lê-se na obra «Memórias de um bispo» de D. Manuel de Almeida Trindade.

O Hotel Lusitano no Luso (Diocese de Coimbra) pertencente à família Delgado ficou a ser conhecido dos bispos desse tempo. Não se podia falar de uma conferência episcopal no sentido rigoroso do termo porque a sua origem jurídica data da aprovação do decreto «Christus Dominus» sobre o múnus pastoral dos bispos. O texto conciliar não impõe a criação das conferências episcopais mas propõe as reuniões entre os bispos da mesma nação,

D. Manuel de Almeida Trindade refere que em maio de 1967 foram discutidos os estatutos da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP). Nos seus apontamentos, o antigo bispo de Aveiro realça que tinha ficado assente que o presidente da CEP seria de futuro eleito; todavia enquanto D. Manuel Gonçalves Cerejeira continuasse a exercer as funções de cardeal patriarca, seria ele o presidente da CEP.

Entretanto, no projeto de estatutos enviado a Roma para aprovação, o artigo 7 “tinha sido retocado – creio que por iniciativa de Gonçalves Cerejeira -, recebendo a seguinte redação: «Pela dignidade cardinalícia que por venerável tradição lhe cabe e pelas vantagens para o exercício do cargo que lhe advêm da sua residência na capital do país, o presidente nato da assembleia será o cardeal patriarca de Lisboa”, lê-se na obra.

Nessa mesma plenária de maio, Goncalves Cerejeira disse que se sentia à vontade para “defender a nova redação que se havia introduzido no texto e insistiu nas vantagens dessa nova redação”. O assunto foi posto à votação. “Pronunciaram-se a favor, 9 bispos; 10 votam contra”. Vingou o princípio de que, após a cessação de funções de Gonçalves Cerejeira como bispo de Lisboa, o presidente da CEP seria eleito. E dessa forma, naquela reunião de maio de 1967, o conselho permanente ficou assim constituído: presidente, Manuel Gonçalves Cerejeira; o vice-presidente era o arcebispo de Braga, Francisco Maria da Silva e secretário o bispo auxiliar de Lisboa, Manuel Franco Falcão. O cardeal Cerejeira resignou, a 15 de maio de 1971, do Patriarcado de Lisboa.

LFS



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