Dossier

João Paulo II

Pe. Tony Neves
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Editorial do jornal "Acção Missionária" de Novembro

25 anos a remar contra ventos e marés. É a pessoa que mais se expõe às luzes dos meios de comunicação. Afirma com profunda determinação as convicções que lhe vão na alma, doa a quem doer, custe o que custar. Por isso, tem amigos e inimigos, admiradores e contestatários como nem podia deixar de ser. Mas uma coisa é certa, perante ele ninguém ousa ficar indiferente. O Nobel da Paz assentava-lhe como uma luva. Reuniu os líderes religiosos do mundo em Assis para rezar pela paz. Visitou numerosos países a sair de guerras para dar um incentivo à consolidação da paz. Lançou gritos e apelos para que as armas se calassem, o terrorismo cessasse. Sempre se pronunciou sobre as guerras que assolaram o mundo nestes 25 anos do seu pontificado. A sua última intervenção para tentar evitar a guerra no Iraque incomodou os grandes deste mundo que queriam a benção papal para arrasar um Iraque empobrecido. Tiveram um ‘não’ rotundo e corajoso! Por estas e por outras, merecia o Nobel da Paz. Por estas e por outras é que, se calhar, não teve o prémio! É um cidadão de um mundo a que ele já deu diversas voltas! As suas viagens marcaram os povos que visitou. Sempre muito conhecedor das situações, proferia palavras afiadas com propostas corajosas de respeito pelos direitos humanos. Confirmou na fé muitas comunidades católicas minoritárias e fica-lhe o amargo de boca de não ter ‘visto’ para visitar a Rússia e a China. Talvez um dos maiores desafios para o Papa que se lhe seguir. João Paulo II é um missionário. As suas visitas proporcionaram celebrações de muita comunhão com as culturas locais. Ninguém vai esquecer a festa que foram as visitas a África ou á Papuásia. O Papa teve sempre a preocupação de elogiar o trabalho dos missionários ( com virtudes e defeitos á mistura), mesmo em contextos onde não era simpático ter esta postura. A sua encíclica sobre a Missão do Redentor é um monumento á dimensão missionária da Igreja. Na hora deste Jubileu de Prata Pontifical, eventos como o Terço Vivo no Estádio Nacional, em Lisboa, falaram alto e calaram fundo sobre o lugar que o Papa tem no coração das pessoas. Foi bonito ouvir depoimentos de figuras públicas que salientaram a figura e o ministério de João Paulo II. Encontrei-me com o Papa em contextos muito diversos: em Portugal, duas vezes (1982 e 2000); em Angola e S. Tomé em 1992 e em Paris (Jornada Mundial da Juventude) em 1997. Em todos estes tempos e lugares, fiz a experiência de um homem de comunicação que sempre investia onde era urgente investir: nos jovens, na justiça, na paz, no diálogo e nos direitos humanos. Parabéns João Paulo II. Tony Neves director do Jornal “Acção Missionária”


João Paulo II - 25 Anos