Dossier

João Paulo II e a Paz

Agência Ecclesia
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Homenagem dos Bispos do Brasil nos 25 anos de Pontificado

No longo Pontificado de João Paulo II, o quarto maior da história, sua maior preocupação, como Vigário de Cristo, foi a paz. A evangelização, tantas vezes pedida pelo Papa, é o anúncio da boa nova, da paz que Cristo veio trazer ao mundo. O papa que veio de longe, nascido sob o império soviético que dominava a sua Polónia bem vizinha à Rússia, experimentou o poder massacrante e destruidor de pessoas e povos de foram responsáveis o comunismo ateu e o nazismo impiedoso. Poucas épocas da história registraram momentos trágicos que atingiram milhões de pessoas, como aconteceu no decorrer do século XX. Não foram somente as grandes guerras que massacram povos, mas regimes absolutistas, ditaduras cruéis, que empregaram novos métodos e instrumentos para subjugar consciências e destruir valores humanos e cristãos. O magistério do Papa foi constante para advertir o mundo para as terríveis experiências da humanidade em inúteis guerras fratricidas que deveriam servir de lição; foi incansável apelo para abrir cada coração a fim de tornar-se artífice da verdadeira paz. A paz está radicada em Deus, é um dom de Deus, não sujeita a manipulações partidárias, mas colocada à disposição dos homens de boa vontade e assim ela se faz algo plenamente humano. A paz vem do alto e, ao mesmo tempo, está ao nosso alcance. Radicada em Deus, ela torna-se uma característica da fé cristã no Deus connosco. Vem do alto. Não depende apenas da vontade do homem sujeito a motivações egoístas e interesseiras, impostas pelos poderosos e tiranos que preferem os canhões produtores do silêncio dos túmulos. A paz diz respeito a todos na sua conquista e nos meios empregados para consegui-la. A paz é obra da justiça, da verdade, do perdão, da fraternidade, da solidariedade. A paz se fundamenta em Deus, na lei do amor que ele escreveu em nossos corações para buscá-la no acolhimento aos semelhantes como a irmãos, desenvolve-se no diálogo desarmado, na aceitação do diferente, no respeito à cultura alheia. A paz vem de Deus, não pertence a uma única pessoa, mas pertence a todos. Ninguém é dono da vida alheia, indivíduos e nações, para impor-lhes sua vontade e seus interesses. Tem sido intensa a actividade diplomática da Santa Sé, determinada pelo Santo Padre expedindo seus enviados para levar apelos para não pouparem esforços a fim de evitar a guerra e promover a paz. Os destinatários são todas as nações de tradições cristãs e não cristãs que estejam em perigo de envolvimento em guerras. O Papa recebe chefes de estados, embaixadores e com todos procura reflectir sobre a construção e cultura da paz. É necessária a educação para a paz. Desde cedo, as crianças, os jovens e adultos devem constantemente ser educados para a convivência fraterna, para a promoção da paz. A paz é um grande edifício para cuja construção são necessários planejamentos, fundamentos e meios necessários para a sua construção. A paz deve ser obra pessoal e comum ao mesmo tempo. Não podem ser esquecidos os apelos do Papa para as reuniões, os encontros, jejuns e orações em comum até mesmo de todas as crenças reunidas. A paz é dom de Deus que deve ser desejada e pedida insistentemente. Cardeal Geraldo Majella Agnelo, presidente da CNBB


João Paulo II - 25 Anos