Dossier

Jornalista: servidor da verdade

A. Silvio Couto
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«O requisito moral fundamental de toda a comunicação é o respeito pela verdade e o seu serviço. A liberdade de procurar e de dizer a verdade é essencial para a comunicação humana, não apenas no que se refere aos factos e às informações mas também, e de maneira especial, no que diz respeito à natureza e ao destino da pessoa humana, à sociedade, ao bem comum e ao nosso relacionamento com Deus. Os mass media têm uma responsabilidade iniludível neste sentido, uma vez que constituem o foro moderno em que as ideias são compartilhadas e as pessoas podem crescer em compreensão mútua e em solidariedade» - João Paulo II, 37.º dia mundial das comunicações sociais, a celebrar no dia 1 de Junho. Numa época tão ávida de sensacionalismos, de empolamento de episódios, de promoção do efémero/relativo/imediatista, um jornalista ao ser – como comunicador – servidor da verdade tende ser mais do que aquele que narra, descreve ou (até) informa. Tornar-se servidor da verdade para um jornalista é, sobretudo, narrar, explicando; descrever, contextualizando; informar, objectivando... tendo sempre em conta que o jornalista não é uma mera máquina sem afectos, nem despido emoções ou até sem preconceitos culturais. «Os mass media prestam com frequência um serviço intrépido à verdade; contudo, às vezes funcionam como agentes de propaganda e desinformação ao serviço de interesses limitados, de preconceitos nacionais, étnicos, raciais e religiosos, de avidez material e de falsas ideologias de vários géneros. É imperativo que as pressões exercidas neste sentido sobre os mass media, em ordem a levá-los a cometer tais erros, sejam contrastadas em primeiro lugar pelos homens e pelas mulheres dos próprios meios de comunicação, mas também pela Igreja e pelos outros grupos interessados» - João Paulo II, Mensagem para o dia mundial das comunicações sociais 2003. Sem pretendermos interpretar – exaustiva ou com sabor moralizante – alguns dos acontecimentos mais recentes em Portugal, descobriremos que há muita desinformação, eivada de intuitos mais ou menos subterrâneos, onde a pessoa humana está ao serviço da avidez do ‘share’, dos lucros do grupo económico ou ideológico que suporta o jornal, a rádio ou a televisão – quase todos (e não serão mais do que três ou quatro!) os influentes têm tentáculos nestas áreas – pois desta forma se imporão à concorrência. Faltam homens e mulheres na comunicação social que não se vendam, que não se deixem manipular nem vergar pelas concupiscências reinantes. Aos jornalistas de inspiração cristã auspiciamos verticalidade e amor à verdade. Aos leitores, ouvintes e telespectadores de formação (e não mero verniz!) cristã exijamos corresponsabilidade activa. A. Sílvio Couto


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