Dossier

Levar a mensagem evangélica ao coração do mundo contemporâneo

Luís Filipe Santos
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Na altura do início (11 de outubro de 1962) dos trabalhos do II Concílio do Vaticano, o cardeal patriarca de Lisboa, D. Manuel Gonçalves Cerejeira, afirmou ao Boletim de Informação Pastoral (BIP) que as maiores preocupações pastorais da Igreja passavam pelo «levar a mensagem evangélica ao coração do mundo».

Na altura do início (11 de outubro de 1962) dos trabalhos do II Concílio do Vaticano, o cardeal patriarca de Lisboa, D. Manuel Gonçalves Cerejeira, afirmou ao Boletim de Informação Pastoral (BIP) que as maiores preocupações pastorais da Igreja passavam pelo “levar a mensagem evangélica ao coração do mundo”.

Num testemunho enviado de Roma (Itália) e publicado pelo BIP nº 19 de 1962, o cardeal português que foi membro da Comissão Central preparatória e membro designado da Comissão Conciliar das Missões realça que estas preocupações implicam uma tradução para os tempos atuais, “sem a alterar”. Portanto, atualizá-la, “ao encontro das angústias, das aspirações e das esperanças da humanidade”. E acentua: “A luz de Cristo na névoa da confusão mental e moral”.

O concílio “não será tanto para condenar os erros”, como para “mostrar o rosto verdadeiro da Igreja”. “Daqui a preocupação de purificação e de atualização”, frisou D. Manuel Gonçalves Cerejeira.

Em relação às preocupações pastorais do episcopado português, o cardeal patriarca de Lisboa sublinhou que a Igreja portuguesa estava centrada nas dinâmicas conciliares e que se impunha, depois deste acontecimento eclesial, um “esforço comum” e uma “obra conjunta” que se podia resumir desta forma: “Inquirir, rever, confrontar, alancar e realizar”.

Ao ser questionado sobre os “novos meios” que a Igreja portuguesa pode lançar para fazer chegar a mensagem cristã às regiões descristianizadas, D. Manuel Gonçalves Cerejeira revela que se fala “de novos meios, e ainda não estão esgotados, nem sequer preenchidos os velhos”. O primeiro, “velho e sempre novo”, é o “recrutamento e a formação de um clero desprendido, puro e zeloso” e o segundo é uma “Ação Católica viva e eficaz”.

“Sem querer ser profeta”, o cardeal patriarca de Lisboa confidenciou que era fundamental uma “nova organização da distribuição e ação apostólica do clero, preparação especial de equipas sacerdotais e leigas, escolas de chefes, missionários voluntários, obras sociais de assistência, cultura, recreio…”. Por outro lado, revela também que “não é de excluir a cooperação interdiocesana, seja quanto a sacerdotes, seja quanto a leigos, com vocação e preparação para o apostolado das regiões descristianizadas”.

Ao olhar para o Patriarcado de Lisboa, o cardeal português disse que estava preocupado que “o clero se aburguese, não mostrando na sua vida a Cruz do redentor” e que “as classes humildes” se “afastassem da Igreja, deixando-se convencer que ela ama mais o dinheiro e o poder que as almas”. Aos jovens apela para que não se deixem seduzir “por mitos homicidas”.

Na linha das aspirações, D. Manuel Gonçalves Cerejeira desejava uma “escola superior de cultura religiosa” para a formação de verdadeiras elites católicas, conscientes, firmes, apostólicas”.

LFS 



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