Dossier

Made in Germany: Arquitectura + Religião

Agência Ecclesia
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A Ordem dos Arquitectos, em parceria com o Goethe-Institut Lisboa, apresenta em Fevereiro a exposição Made in Germany: Arquitectura + Religião, a que estarão associados alguns eventos paralelos, propostos pelos arquitectos João Alves da Cunha e João Norton de Matos na qualidade de comissários desta iniciativa.

A exposição, propriedade do Goethe-Institut Munich, faz a sua penúltima paragem em Lisboa, antes de concluir, em Madrid, um programa de itinerância mundial iniciado em 2005, que passou por cidades como Brasília, Atenas, Nairobi, Toulouse, Kiev, Mumbai, Bruxelas, Caracas, Casablanca e Bangkok.

Esta exposição, que na sua estada em Lisboa está exposta na Sala do Veado dos Museus da Politécnica, tem como objectivo proporcionar uma visão sobre a nova arquitectura religiosa, através da apresentação de nove edifícios recentes de várias confissões na Alemanha.

Estes nove exemplos de arquitectura contemporânea alemã são apreciados pelas respectivas comunidades como locais de paz e meditação, mas assumem também uma relevância cultural inquestionável, enquanto espaços que testemunham as idiossincrasias do nosso tempo, tão marcado pelo balançar entre ruptura e repetição.

De igual modo, e porque bem exemplificativos das opções de uma nova geração de arquitectos no difícil caminho da integração do carácter estético e artístico da arquitectura religiosa com a sua função devocional, estes edifícios tornam-se casos de estudo de elevado valor e interesse.

Dentre estes destacam-se a premiada Igreja do Sagrado Coração de Jesus, Munique (Allmann, Sattler e Wappner), a Igreja de São Teodoro, Colónia (Paul Böhm), a Capela da Reconciliação, Berlim (Reitermann e Sassenroth), a Ecuménica Igreja de Maria Madalena, Freiburg im Breisgau (Kister Scheithauer Gross) e a nova Sinagoga de Dresden (Wandel, Hoefer, Lorch + Hirsch).

Em complemento à exposição, realizar-se-á um colóquio, no dia 20 de Fevereiro, com a participação de cinco convidados alemães – o teólogo Walter Zhaner e os arquitectos Paul Böhm, Amandus Sattler, e Ulrich e Ilse Königs – onde serão debatidos o panorama e contexto histórico da arquitectura religiosa alemã do último século, ilustrados com maior detalhe por três obras recentes de particular interesse para a realidade portuguesa.

Após as respectivas conferências, divididas pela parte da manhã e tarde, realizar-se-ão duas mesas redondas, onde se juntarão quatro convidados portugueses – os padres Tolentino Mendonça e Bernardo Miranda e os arquitectos Diogo Lino Pimentel e José Manuel Fernandes – para debater temas como “A liturgia como programa de Igrejas” e “Arte na Igreja e Igreja na Cidade”.

O colóquio, que se realizará no auditório do Goethe-Institut em Lisboa procura, a partir da experiência germânica, confrontada e traduzida para a realidade nacional, promover uma séria reflexão e debate de perspectivas sobre esta temática, para o que também contribuirá a síntese de encerramento apresentada pelo arquitecto e padre jesuíta João Norton de Matos.

Aproveitando a presença em Portugal dos cinco convidados alemães, realizar-se-á, nos três dias anteriores ao colóquio, um itinerário com arquitectos portugueses, proporcionando a visita a várias obras relevantes do território nacional no contexto da arquitectura religiosa, permitindo o aprofundamento cultural, a troca de conhecimentos, reflexões e pontos de vista, com início na cidade do Porto e chegada a Lisboa, passando pelas cidades de Fátima, Portalegre e Évora.

Esta viagem de estudo e aprendizagem será marcada pela partilha, debate e vivência de participantes de Portugal e Alemanha, e enriquecida pela presença e orientação guiada de alguns dos autores das obras visitadas, como os arquitectos João Luís Carrilho da Graça e José Fernando Gonçalves.

Fazem parte do percurso obras como a Igreja de Santa Maria, em Marco de Canavezes (Álvaro Siza Vieira), o Museu de Serralves, no Porto (Álvaro Siza Vieira), a Igreja da Santíssima Trindade, em Fátima (Alexandros Tombazis), a Igreja de Santo António, em Portalegre (João Carrilho da Graça), o Museu de Arte Sacra, em Évora (João Carrilho da Graça) e a Igreja do Convento dos Dominicanos, em Lisboa (Paulo Providência e José Fernando Gonçalves).

Com este encontro de culturas, pensamentos e ideias, dedicado a um programa arquitectónico tão pouco debatido em tempos mais recentes, espera-se catalisar novas abordagens, novas perspectivas e novos passos para a arquitectura religiosa portuguesa do presente século, promovendo a qualidade artística e arquitectónica dos edifícios religiosos, referências incontornáveis na construção da identidade e fisionomia das nossas cidades.

Arquitectura alemã

Ao longo do século XX, a arquitectura religiosa alemã recebeu numerosos impulsos, tendo sido decisivamente influenciada pelo teólogo e filósofo Romano Guardini, autor do “Espírito da Liturgia” (1918), bem como pelo livro “Arquitectura Religiosa Cristocêntrica” (1922) de Johannes van Acken.

Após a vasta destruição causada pela Segunda Grande Guerra Mundial, a reconstrução das cidades, associada à expansão dos subúrbios, levou a que se tenham construído mais igrejas na Alemanha após 1945 do que em qualquer época anterior.

Já nos anos 1960, o foco caiu sobre a edificação de centros comunitários. Em lugar de edifícios exclusivos para o culto, surgiram espaços polivalentes, servindo tanto para os serviços divinos como para reuniões sociais da congregação – de encontros para a terceira idade a berçários.

A década de 1990 assistiu a um novo ímpeto na construção de igrejas, apesar do declínio registado no número de membros. Nesta fase, percebe-se um retorno aos espaços solenemente sagrados, frequentemente com carácter meditativo, numa tentativa de compensar o défice espiritual das sociedades ocidentais.

Nos últimos anos, para além do florescimento dos edifícios de culto cristão na Alemanha, assistiu-se também à construção de numerosos novos centros comunitários judaicos e sinagogas.

Todos estes projectos assumem frequentemente formas arquitectónicas modernas, mas o desenho inovador dos espaços sagrados – apesar da diversidade religiosa da Alemanha contemporânea – ainda é muito limitado em muitas comunidades.

(Da Introdução do Catálogo)



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