Dossier

Nos princípios da Escola de Pais Nacional

Margarida e José Gil da Costa
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Já há vários anos a Associação de Pais, Professores e Alunas do Colégio de Nossa Senhora do Rosário, no Porto, dedicava muito da sua atenção à formação familiar e à educação dos pais, quando, em Abril de 1969, lhe chegou uma mensagem vinda do Brasil despertando o interesse no desenvolvimento em Portugal de uma acção a que se poderia chamar Escola de Pais. Tal ideia foi recebida com entusiasmo no seio da Associação já que vinha ao encontro de uma das suas grandes ansiedades. Assim, poucos dias após, foi recebida a visita de um membro do Conselho Nacional da Escola de Pais do Brasil que, para além da transmissão de um programa de trabalho, entendeu que, num País de população maioritariamente católica, a eventual futura Escola de Pais em Portugal, muito embora livre de quaisquer compromissos de ordem religiosa ou política, deveria ser assistida por um Sacerdote Católico. O então presidente daquela Associação, depois de meditar na questão com os seus colegas dos órgãos directivos, entendeu que a pessoa mais adequada e que reunia consideração e confiança totais, seria o Senhor Doutor Armindo Lopes Coelho, então Reitor do Seminário Maior do Porto. O convite foi apresentado e aceite, embora com muito sacrifício, por quem é hoje o nosso tão estimado Bispo que entendeu não poder furtar-se à grave responsabilidade de assistir uma associação a quem cumpria assumir um papel fundamental na educação familiar com repercussões vitais em todo o nosso País. O êxito da intervenção e assistência do Senhor D. Armindo não podia ser maior. Graças à sua devotada e generosa atenção, clareza de espírito, visão clara e precisa dos problemas, estímulo e firmeza na assunção das responsabilidades, fé no destino das famílias no futuro do Mundo, a Escola de Pais Nacional chamou a si trabalhos e riscos, e foi em frente numa acção sem paralelo entre nós na área da educação familiar. Mercê da alma introduzida pelo Senhor D. Armindo e da coragem de dezenas de colaboradores, 35 anos após a sua fundação a Instituição perdura, e perdurará no futuro, não só porque todos acreditamos no que estamos a fazer, mas também porque a sua forma peculiar e inovadora de trabalhar e o seu espírito se ajustam plenamente às necessidades de todos os tempos e espaços. Centenas de milhares de pessoas contactadas sem qualquer tipo de discriminação e com toda a forma de problemas; mais de trinta Congressos de larguíssima participação com os mais variados temas; numerosas acções junto da juventude; inúmeras intervenções no estrangeiro, na França, na Itália, na Alemanha, no Brasil e até em África (Moçambi-que), colocam a Escola de Pais Nacional numa situação de liderança na orientação das famílias de qualquer tipo ou condição. São do Senhor D. Armindo, na hora da Fundação da Escola de Pais, as seguintes palavras: “A psicologia e a pedagogia vieram destruir esse separatismo de classe, e hoje deparamos com este «sinal dos tempos»: os jovens ou dirigidos entendem que têm a sua palavra a dizer, nos vários sectores da vida, enquanto os educadores ou dirigentes entendem que também para eles há sempre muito para aprender. A vida é movimento, perfectibilidade e esforço, é um caminhar na descoberta de moldes mais perfeitos e mais eficazes para a realização das tarefas que a todos incubem. Este é um dos sinais dos tempos, e não há que rejeitá-lo, minimizá-lo ou esquecê-lo. Sob pena de grave fracasso. Uma Escola de Pais situa-se pois neste contexto histórico da consciência que os pais e educadores têm de que a insatisfação das camadas jovens não deverá ser imputada exclusivamente à responsabilidade dos mesmos jovens. Não serão tantas vezes os educadores, os responsáveis pelos fracassos dos seus edu-candos?” Depois de as termos recebido no nosso íntimo, como poderíamos ficar de braços cruzados? Margarida e José Gil da Costa


D. Armindo Lopes Coelho