Dossier

O abandono dos idosos

João Paulo Batalha Machado
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A União Distrital das IPSS de Viseu recebeu no ano passado 200 queixas de maus tratos e negligência contra idosos: Nesta época do ano é confrontada com casos "chocantes", tais como abandono de doentes com Alzheimer, pessoas acamadas, fugas desesperadas e a completa solidão. Inúmeras queixas, maioritariamente anónimas, são recebidas na UDIPPSS - entre oito e dez, por semana - números considerados “dramáticos†pelo presidente da instituição, até porque o abandono é materializado no seio familiar. Fala-se muito do abandono dos animais no verão, mas a sociedade esquece-se que há muitos idosos negligenciados e maltratados. Chegados às férias de Verão, assistimos todos os anos, à deplorável situação de ver idosos abandonados. Efectivamente, com a quebra de valores tradicionais da família, ou seja, a passagem da família tradicional para a família nuclear, verifica-se que nos meses de férias (Julho e Agosto, por excelência) os idosos vêem a sua situação de abandono consideravelmente agravada. Durante o ano, já se verifica nos meios urbanos, idosos isolados ou a “mendigar†as atenções dos seus familiares. No entanto, chegadas as férias o flagelo aumenta, porquanto um idoso dependente física ou psicologicamente “é um fardo “ nas férias. A Sociedade Portuguesa está com esta conduta, a desperdiçar valores essenciais tão caros aos nossos antepassados e, simultaneamente a dar um péssimo exemplo às novas gerações. Não nos podemos esquecer que ser idoso é sinónimo de experiência de vida, e numa sociedade com os valores em crise, como se encontra actualmente a portuguesa, desperdiçar esta sabedoria é deitar fora todo um conjunto de princípios, vitais para qualquer povo. João Paulo Batalha Machado, Presidente da União Distrital de Viseu das Instituições Particulares de Solidariedade Social


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