A primeira encíclica de João Paulo II surge como texto programático para todo o seu Pontificado, onde se expressa a vontade de que a Igreja e o mundo coloquem Cristo Redentor no centro das suas atenções. 25 anos depois, ao analisar todo o magistério de João Paulo II, pode-se concluir que ele permaneceu sempre fiel ao seu programa.
De todos os Papas, João Paulo II é o que mais realizou viagens internacionais, com 102, procurando chegar ao maior número possível de pessoas.
São igualmente numerosas outras actividades de João Paulo II: escreveu mais de uma dezena de encíclicas; elevou às honras dos altares mais de mil beatos e mais de 400 novos santos; convocou e presidiu o maior número de Sínodos dos Bispos; teve numerosos encontros com personalidades do mundo político, cultural, científico e religioso; concedeu mais de mil audiências gerais aos fiéis do mundo inteiro, com a participação de mais de dezassete milhões de peregrinos, sem contar as audiências especiais e os oito milhões de peregrinos durante o grande Jubileu do ano 2000.
Karol Woytyla é o primeiro Papa eslavo e, para ele, ser eslavo não é apenas uma particularidade étnica, mas sim um sinal da Providência Divina. As profundas transformações ocorridas na Europa no final do segundo milénio e no início do terceiro têm em João Paulo II um dos principais protagonistas.
No começo do pontificado de João Paulo II, a Europa, pelo Tratado de IALTA, continuava dividida em dois blocos por motivos ideológicos e geopolíticos. Começava a surgir, à época, o Sindicato Solidariedade, que ameaçava provocar instabilidade não só no interior da Polónia mas também em outros países do Leste Europeu.
Karol Woytyla apoiou e estimulou a chamada “Ostpolitik”, conduzida pelo seu Secretário de Estado, o Cardeal Agostinho Casaroli, e continuada pelo seu sucessor, o Cardeal Angelo Sodano. O processo culminou, no período do Presidente Gorbatchev, em Março de 1990, com o restabelecimento das relações oficiais entre o Vaticano e a ex-União Soviética. João Paulo II é, hoje, um dos maiores defensores da “Grande Europa”, que se estende do Atlântico aos Urais. A “Grande Europa”, segundo ele, deve respirar com os dois pulmões, alimentar-se com a riqueza das duas tradições: a cristã-ocidental e a eslavo-ortodoxa.
A primeira encíclica de João Paulo II revela-o atento à necessidade não só do diálogo ecuménico com todas as Igrejas cristãs, mas também com todas as religiões. Neste Pontificado há uma grande novidade: o Papa sabe que o mundo não se tornará completamente cristão ou católico, sabe que é necessário viver com os demais, sejam judeus, muçulmanos ou ateus, e isto é radicalmente novo na concepção da Igreja.