Dossier

Obrigado, Santo Padre!

D. Manuel Martins
...

D. Manuel da Silva Martins, Bispo Emérito de Setúbal

Este Papa é do tamanho do mundo. Porque mergulhou em todos os seus recantos. Porque o vem cantando em tudo quanto saiba a esperança. Porque o chora em todas as situações de sofrimento e de dor. Porque o “apanha†em todos os gritos de justiça e de paz. Porque se fez e faz irmão de todos os homens. Pintamos o retrato deste Papa com as mais variadas cores, algumas menos claras - por vezes, até escuras! - como costuma acontecer num retrato a sério, mas a mensagem que dele salta é sempre uma mensagem de fé, de esperança, de entrega total, de bondade, de coragem. Ninguém como o Papa conhece os problemas do homem; ninguém como o Papa e com a autoridade com que fala o Papa, autoridade reconhecida pelos mais insuspeitos e que nasce da sua fé em Jesus Cristo e da consciência da sua missão. Tanta gente, mesmo sem fé e afastada de todos os horizontes da Igreja, vê no Papa a personalidade mais marcante e mais extraordinária dos nossos tempos, até pelas denúncias que corajosamente faz dos comportamentos que levam à guerra, venham eles de onde vierem. O Papa está muito doente. Todos o vemos e sentimos. Até nos impressiona a sua imensa fragilidade que deve andar muito perto de uma grande dependência. E, fora de nós, nos vamos perguntando: donde lhe vem esta força que não o deixa parar nem descansar? - Diz-se que da sua fé palpável em Jesus cristo. Leia-se como se queira esta “teimosia†do Papa em permanecer, valente, no seu posto. O que ninguém pode negar é que a sua impressionante fragilidade física sublinha soberanamente a riqueza do seu testemunho. 25 anos de pontificado que a Igreja e o mundo querem cantar e agradecer. Sim: com todos, obrigado, Santo Padre. Acrescento: amo muito esta Igreja fundada por Jesus Cristo sobre Pedro, quero dizer, sobre João Paulo II. Mas, tenho pena que ela não abra portas e janelas aos ventos do Espírito Santo. Não mergulhe na vida do mundo, não ouça os gritos dos homens que sofrem, esteja tantas vezes desconfiada das maravilhosas conquistas da ciência e da técnica, olhe demasiado para si, num medo permanente de tudo e de todos. Estou disposto a dar a vida pela Igreja que também sou, mas gostava de a ver mais ponte, a construir sempre pontes, a aproximar e nunca a afastar, a ser Mãe - o rosto materno de Deus. Isto tem procurado fazer o Papa. Nisto tem sido contrariado o Papa por muito boa gente. D. Manuel da Silva Martins, Bispo Emérito de Setúbal


João Paulo II - 25 Anos