Hans Küng, um dos mais famosos “dissidentes” da Igreja Católica, não perdoa a João Paulo II o facto de, alegadamente, “ter instaurado um sistema de governo rígido e centralizado, feito de obrigações e interditos.”
No dia em que se comemoram os 25 anos de Pontificado do Papa polaco, Küng dá voz às mais habituais críticas sobre as posições do Papa em relação à contracepção e à ordenação sacerdotal.
“Este Papa colocou em prática um sistema de governo rígido e centralizado, com uma profusão de obrigações e interditos que matou toda a vida na Igreja”, acusou o teólogo numa entrevista publicada hoje no “Corriere della Sera”.
Numa visão muito crítica, Hans Küng defende que “a credibilidade construída por João XXIII e o Concílio Vaticano II foi completamente desbaratada pela política da Cúria Romana”.
“A herança deste Papa será, sobretudo, uma série de bispos ultra-conservadores, incapazes e não-amados, nomeados por ele e pela sua equipa”, conclui.
Küng foi protagonista de grandes batalhas teológicas na altura do Concílio Vaticano II, mas as suas teorias já lhe valeram duas “declarações” da Congregação para a Doutrina da Fé condenando a sua “doutrina teológica” e afastando-o, em 1979, do ensino da Teologia.