Dossier

Ousar a Memória - Fortalecer a Cidadania

Cidália Calisto
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I Encontro Mundial das Comunidades Portuguesas

Ousar a Memória... é o desafio proposto no I Encontro Mundial de Comunidades Portuguesas. Ousar a Memória... para reconstruir a história e as estórias da emigração portuguesa, passada e presente. Ousar a Memória... ao discernir a vocação lusa, herdada desde o século XV, quase intemporal e genética. Ousar a Memória... para escutar o vivido na pele, por concidadãos que arriscaram o fado, longe da pátria, perto do coração. Ousar a Memória... no conhecer em profundidade a Emigração Portuguesa, a partir das estruturas de participação, solidariedade e integração, com as suas mudanças qualitativas e quantitativas, para encontrar novos dinamismos com as comunidades e... Fortalecer a Cidadania. Fortalecer a Cidadania... para não ter de emigrar; ao reequacionar as razões que conduzem aos números e justificam, ainda hoje, saírem 30 mil portugueses, por ano. Fortalecer a Cidadania... nas estruturas criadas, presentes e ausentes, activas e latentes, para uma maior participação cívica. Fortalecer a Cidadania... numa análise conjunta entre altas entidades, responsáveis por estruturas estatais, eclesiais e universitárias; num diálogo aberto, entre a experiência de missionários, leigos, emigrantes, luso-descendentes, sindicalistas, conselheiros sociais e representantes de Organizações Internacionais para as Migrações. Fortalecer a Cidadania... plena! Portuguesa, europeia, lusófona e/ou ecu-ménica-global. O I Encontro Mundial De Comunidades Portuguesas é uma iniciativa pioneira e um esforço audaz, a mobilizar delegados das Comunidades Portuguesas de todo o mundo, com mais de 150 participantes, entre convidados e inscritos. Pretende ser o primeiro de muitos encontros, com dimensão lusófona global. Inaugurar esta via de comunicação é impulsionar o contacto com os emigrantes e lusodescendentes, num auscultar privilegiado de sensibilidades portuguesas, longe da Pátria. Reflectir com eles e não apenas sobre eles, acelera um conhecimento biunívoco, que a Igreja há muito iniciou, mas pretende afunilar, de forma concertada com o Estado, para fomentar estratégias e fortalecer as redes de inserção e participação, numa direcção única. Para ecoar heroicidades e fraquezas do sistema e das políticas de emigração, quer dos países de origem, quer dos de acolhimento, a Comissão Episcopal de Migrações e Turismo e a Obra Católica Portuguesa de Migrações dão voz a todos os responsáveis pelas estruturas sociais e religiosas, que a Igreja mantém junto dos “Portugueses no Mundo”. Conhecer a realidade deve instigar uma “mudança do olhar” - da Igreja e do País – assim, como uma reconceptua-lização da condição migrante, que fortaleça a cidadania dos que se consideram: esquecidos ou portugueses de segunda. É urgente ousar recuperar o discurso da “emigração real” para o bem nacional e afirmação de Portugal, na Europa e no Mundo. Urge reflectir pilares, numa visão estratégica global, em busca de valores comuns, numa direcção única. A desordem no acolhimento da recente Imigração, em situação de emergência social, deixa na penumbra política e condena ao silêncio cultural e mediático a realidade nacional de 5 milhões de portugueses “em diáspora”, por 121 países. Um Portugal de tradição Emigrante é agora também Imigrante. Por cada imigrante no país, há 10 emigrantes a viver longe da Pátria. É necessário cimentar as fundações da não indiferença, que escava a indignidade humana, com reflexo no ordenamento territorial de cidades e países. Se nossos Emigrantes ou Imigrantes... importa apenas que “nossos” cidadãos, para os repensar de forma diferente! “Ousar a memória” para “Fortalecer a cidadania”, numa Europa plural, a 25 e num mundo estreito e global. O puzzle interior do “eu”, enriquece e fecunda a cultura, na diversidade de identidades, justapostas ou fundidas. No impulso de uma cidadania reforçada, o I Encontro Mundial, alicerça 5 painéis temáticos: - “Migrações Portuguesas ao longo dos tempos e na diversidade dos espaços - Os olhares e a memória”; - “Migrações: redes sociais – Solidariedades – Integração”; - “Olhar retrospectivo sobre a acção da Igreja nas Migrações: experiências vividas e novos caminhos”; - “Olhar crítico sobre a acção da Igreja nas Migrações: relacionamentos e redes de inserção”; - “Mobilidade e Cidadania: recon-ceptualização da condição migrante”. Em 3 dias de reflexão, são homenageados 3 pilares das migrações, no “Ousar a Memória”, do povo que somos, sem complexos, nem preconceitos: - 29 - memória solidária com os missionários religiosos e leigos falecidos, que serviram as migrações; - 30 - enaltecer o centenário da morte do beato João Scalabrini, padroeiro dos migrantes; - 31 - homenagem a Aristides de Sousa Mendes, ilustre diplomata português, que conciliou humanismo com “desobediência civil”, galgando a visão “administrativa” que impede a dignidade. O I Encontro Mundial, será “porto de chegada” de 17 países, dos 22, nos 4 continentes - onde a Igreja mantém missionários. Nomeadamente: África do Sul, Alemanha, Angola, Argentina, Áustria, Bélgica, Canadá, Estados Unidos da América, Franca, Holanda, Itália, Luxemburgo, Grã-Bertanha, Suíça, Vaticano, Venezuela A génese do I Encontro Mundial remonta a 2002. Envolveu todas as Comunidades Católicas Portuguesas e missionários, mobilizados em Encontros Nacionais e Internacionais, desde Quarten, Montmartre, Bruxelas, Londres e Paris; Visitas Pastorais às Comunidades de África do Sul, Argentina e outras da Europa; bem como, a “núcleos” de trabalhadores temporários em Espanha e França. Cidália Calisto Comunicação e Imagem OCPM


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