Dossier

Por que fascinará (ainda) tanto o ‘big brother’?

A. Silvio Couto
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Mais de cem mil candidatos, multidões a acompanhar, maior share nas audiências, conversas e comentários, dúvidas e promessas... tudo tem servido para caracterizar esse fenómeno designado por ‘big brother’ com que a TVI ganhou ascendente no panorama televisivo há cerca de dois anos. Quatro versões populares – a mais recente está no ar – e duas de ditos ‘famosos’ têm percorrido ano após ano, verão após verão, as emoções de muitos portugueses, que ora deliram com as travessuras de tal ‘Zé’ ou com as provocações da apresentadora, ora contestam as intenções de tantos concorrentes... Mas esse produto – dito de teor hard-cord (cfr. as cenas da edição em curso) por críticos da nossa praça e moralistas sociais – continua a vender, a cativar audiências e a influenciar inúmeras reacções do nosso povo. Por que fascina tanto o ‘big brother’? Eis algumas hipóteses – a exigirem mais aturada reflexão, com o devido respeito desta singela opinião – que nos parecem merecer mais do que mero desprezo sem nexo: . As pessoas precisam de serem tidas em conta, seja ao nível individual seja colectivo, bastará reparar na reacção populista com que as localidades ‘representadas’ se fazem notar, nem que para isso tenham de se sujeitarem às mais abjectas ofensas à sua dignidade; . Certa comunicação social – neste caso televisiva – procura ‘objectos’ que sirvam os seus intentos, nem que para isso tenham de fazer descer o nível dos programas ou até de vituperar os valores mais fundamentais; . Há forças interessadas em veicular um certo clima amoral – mais insidioso do que o pretenso nível imoral – onde o ‘vale tudo’ servirá para contestar uma certa noção de família alicerçada nos valores cristãos, bastará reparar no tal ‘mike live’, que se sobrepõe à sexualidade responsável e adulta... De facto certas figuras guráticas da nossa praça são mais do que aquilo que significam. Será por acaso que elas se mantêm na crista da onda? Até quando iremos (mesmo que inocentemente) ignorá-las? Não basta dizer mal, importa descortinar as razões e saber responder a esses ataques com as armas da verdade, da denúncia e de novas propostas com nexo, tendo, porventura, em conta os mais novos, os mais manipuláveis e quantos têm de fazer reflectir outros... A. Sílvio Couto


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