Projetar o futuro da CONFHIC em Portugal
Maria EmÃlia da Silva Monteiro, FHIC
Identidade da espiritualidade missionária Franciscana Hospitaleira
A Congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição, nascida em Portugal 1871, encarnou um modo particular de seguimento de Jesus e deu uma resposta carismática, através de novas e adequadas formas de expressão. O serviço apostólico, enquanto atualização da salvação, motivou os Fundadores a empenharem-se em diversas frentes missionárias, nas quais a hospitalidade ganhou um rosto novo, no acolhimento atento e gratuito.
Em todas essas frentes missionárias - hospitais, lares de idosos e de crianças, creches, colégios e outros estabelecimentos de educação, enfermagem ao domicílio, prisões, cozinhas económicas, evangelização direta, missões ad gentes… -, desde o apostolado mais humilde e escondido até ao publicamente reconhecido, a hospitalidade sempre foi entendida como capacidade de estender o próprio ser aos outros, como espaço aberto de acolhimento, de paciência e de ternura, de presença sensível e amiga e, até, como arte.
Os nossos Fundadores deixaram-nos, como Carisma, o amor do Pai uno e trino, voltado para as pessoas, sobretudo para as mais necessitadas, às quais deseja comunicar Jesus através do acolhimento e serviço feito hospitalidade idealizada e vivida com Maria e a exemplo de Maria.
Assim, o nosso caminho de evangelização, a nossa forma original e muito própria de anunciar Jesus Cristo e de atualizar a salvação, é ser, para os demais, rostos visíveis da ternura e da misericórdia de Deus, em gestos de hospitalidade.
Hoje como ontem, em Portugal Continental e nos Açores, em quarenta e cinco Fraternidades dedicadas à saúde, ao cuidado de crianças e idosos, à educação e à evangelização direta, somos convidadas a alargar os braços da hospitalidade, para dar uma resposta de amor ao mesmo convite inicial que, cada dia, brota límpido e transparente do Coração de Deus. O rosto humano da misericórdia, lá onde houver algum bem a fazer, é, pois, o lugar privilegiado da Missão Franciscana Hospitaleira.
Em 1995, na mensagem que enviou ao XXIII Capítulo Geral, o Papa João Paulo II fez questão de nos recordar que o próprio Jesus, encarnado em todos os necessitados da terra, é o destinatário da nossa hospitalidade, dizendo expressamente: (...) que cada filha da Madre Maria Clara do Menino Jesus, no lugar onde Deus a coloca, seja uma lâmpada hospitaleira para o Esposo de mil rostos que em plena noite bate à porta, pede abrigo e amor.
Provocações fortes da Beatificação
Tomando como ponto de partida a conjuntura eclesial, queremos repensar a nossa vida e missão, considerando como fortes provocações:
1. Imprimir um novo ardor e um renovado entusiasmo à nossa forma de evangelizar e repensar a nossa ação, no tempo e nos lugares onde estamos, dando prioridade:
a) à hospitalidade da presença e da relação
b) à hospitalidade do encontro e da escuta
c) à hospitalidade para com as novas gerações.
2. Tomar a Irmã Maria Clara como ponto de referência na arte de promover e cuidar as vocações, abrindo-nos, ainda mais, a uma Pastoral Vocacional de Conjunto com as Igrejas Particulares, a Conferência dos Institutos Religiosos, a Família Franciscana Portuguesa e outros movimentos eclesiais,
a) colocando a confiança em Deus que continua a chamar e a falar nos sinais deste tempo que é o nosso
b) mantendo uma postura de fé e de resistência às dificuldades derivadas da contracultura vocacional.
3. Repensar a formação integral e o acompanhamento das Irmãs mais jovens, preparando-as para o futuro próximo da Congregação.
4. Criar tempos e espaços criativos que permitam realizar um “after Beatificação”, nomeadamente:
a) digerir, assimilar e assumir tudo o que foi dito e escrito neste tempo de preparação para a Beatificação
b) preparar cuidadosamente a Peregrinação “Celebrar Mãe Clara”, analisando e discernindo tempos
c) prosseguir com o projeto de formação dos colaboradores da nossa missão hospitaleira, nos vários campos da missão.
5. Investir na formação da Família Secular Franciscana Hospitaleira e apoiar os movimentos de consagração laical, nomeadamente Lucerna Ardente e Chama Hospitaleira.
Maria Emília da Silva Monteiro, FHIC
Irmã Maria Clara do Menino Jesus (1843-1899)