Dossier

Protagonista de uma Mensagem

Agência Ecclesia
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Irmã Lúcia, a memória de Fátima e a fama de santidade

Um ano e alguns dias após a morte da Irmã Lúcia, Fátima prepara-se para mais uma grande peregrinação, quando, no dia 19 de Fevereiro, a última Vidente for translada para a Basílica do Santuário. Aí, será tumulada ao lado de Jacinta "e não muito longe do Francisco", como indica à Agência ECCLESIA D. Serafim Ferreira e Silva, Bispo de Leiria-Fátima. "Por vontade expressa da Irmã Lúcia, o seu corpo ficou no Carmelo de Coimbra por um ano, e agora será trasladado para a Basílica", explica. O Bispo de Leiria-Fátima considera que esta trasladação não é uma "consagração no sentido canónico", mas essa distinção relativamente ao culto não é, obviamente, tão clara no coração dos peregrinos. "Em particular, podemos invocar alguém que já partiu", precisa o prelado. O Pe. Virgílio Nascimento, director do Serviço de Peregrinos do Santuário, assegura à Agência ECCLESIA que esta cerimónia "está a ser preparada como as grandes peregrinações de Maio a Outubro", tanto do ponto de vista litúrgico como logístico. A afluência ao túmulo dos Pastorinhos tem sido muito intensa, ao longo dos últimos anos, e este responsável espera que a "chegada" da Irmã Lúcia venha a fazer aumentar "o número de pessoas que por ali quer passar". O local escolhido tem um grande significado para a Vidente, dado que no sítio onde agora se levanta a Basílica, ela viu Nossa Senhora pela sétima vez. O Pe. Luis Kondor, vice-postulador para a causa da canonização dos Pastorinhos, lembra que esta aparição teve lugar quando a Pastorinha foi enviada pelo seu Bispo para o Porto: "Na Cova da Iria - debruçada sobre a grade que resguardava o local onde Nossa Senhora apareceu - entre lágrimas disse a Nossa Senhora que não era capaz de oferecer, desta vez, o sacrifício de abandonar Fátima", relata. Foi no meio das lágrimas que Nossa Senhora voltou a aparecer a Lúcia. "No dia 19 de Fevereiro, ela há-de voltar para aquele lugar onde Nossa Senhora se mostrou para abençoar o seu caminho de obediência", precisa o Pe. Kondor. Fama de santidade Ao longo deste último ano tem "crescido a fama de santidade desta vidente de Fátima", confidenciou à Agência ECCLESIA o Pe. Luis Kondor. "Recentemente recebi um embrulho com cartas - pesava 17 quilos - onde se pedia a beatificação da Irmã Lúcia", assinala. O Código Direito Canónico estabelece que são necessários 5 anos para a abertura de um processo de canonização. D. Serafim lembra esse facto, pedindo paciência, apesar de reconhecer que gostaria que o processo começasse "quanto antes", assegurando que a Irmã Lúcia "é um modelo para o tempo de hoje, como consagrada, uma pessoa fiel que falou do Além". "Não queremos pôr mais uma estátua no altar, mas apresentar ao mundo de hoje uma personalidade muito rica, muito sincera", acrescenta. Sobre o milagre que tem estado na ordem do dia, na comunicação social, o Pe. Kondor revela que "até agora ainda não abri o envelope da alegada cura", acrescentando que, neste momento, "tenho uma montanha de papel na minha secretária". "Cada dia recebo entre uma a três cartas de graças dos Pastorinhos e também da Irmã Lúcia", revela. O vice-postulador para a causa da canonização dos Pastorinhos assegura que "hoje, muita gente se dirige à Irmã Lúcia". A memória de Fátima O Bispo de Leiria-Fátima lembra a Irmã Lúcia como "portadora, intermediária de uma Mensagem", que vive há 90 anos. "Como a porta-voz do grupo, retransmitiu a Mensagem da Senhora mais brilhante que o sol", recorda. Nuno Prazeres, do Apostolado Mundial de Fátima, também assinala que a Vidente "levou a Mensagem de Fátima a todo o mundo, através das suas Memórias". Esta memória de Fátima ficará ainda mais rica, dado que, como adianta o Pe. Luis Kondor, "estamos a preparar um livro de escritos inéditos da Irmã Lúcia". A obra deverá sair até ao dia 19 de Fevereiro. A temática será "a Irmã Lúcia e como ela vê a realização da Mensagem de Fátima", refere este responsável, e é da autoria da própria Vidente, que o escreveu quando esteve no Carmelo de Coimbra. O livro, que espera a aprovação do Bispo de Leiria-Fátima, terá cerca de 60 páginas, com edição do Secretariado dos Pastorinhos.


Pastorinhos de Fátima