Dossier

Quando a razão bate à porta!

A. Silvio Couto
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Na medida em que a publicidade – através dos slogans, enredos ou pelo recurso a figuras mais ou menos mediáticas – revela as linhas-força do produto a vender, poderemos tentar reflectir, um tanto despretensiosamente, sobre uma vertente ultimamente em alta ou com mais influência. Referimo-nos ao apelo à razão – descartando a figura em realce, o produto em promoção ou mesmo a subtileza do bater à porta – parece-nos que estamos a precisar de um maior apelo à nossa capacidade pessoal e interpessoal da faculdade humana da razão. Com efeito, quando ouvimos dirigentes político-partidários ‘desculparem-se’ que exageraram com a emoção com que reagiram a certos episódios da vida pública-particular-social. Poderemos pedir: deixem-se guiar (mais) pela razão! Quando se nota um certo culto da aparência, elevada à máxima potência, em certos programas televisivos – v.g. ´Big brother’, ‘Ídolos’, ‘Operação triunfo2’ – sentimos que faltam princípios mínimos de racionalidade, tanto para produzir como para digerir tais exaltações da mediocridade, em forma de espectáculo! Quando se faz a exaltação do acto inaugural de um estádio de futebol – apelidado de ‘catedral’ – como novo espaço de culto da pretensa religião (ópio de um certo povo), arrastando uns tal seis milhões de portugueses de forma impulsiva, acrítica e irracional. Teremos de questionar: (por) onde anda(rá) a razão de tantos ditos intelectuais, governantes e bem pensantes? Como portugueses, somos um povo de extremos: fervemos em pouca água, desanima-nos à primeira contrariedade e temos ‘pouca auto-estima’. Esta última característica é uma das novas vertentes do nosso linguajar nacional, que, afinal, esconde um certo sebastianismo não enquadrado na hora de digerir as derrotas e, sobretudo, nos eflúvios da vitória. É urgente deixar-se guiar pela razão, sintonizar o bater do coração e ordenar as forças da vontade. Até vivermos esse equilíbrio vamos tentando escolher – na hora de votar ou do mero ter opinião – o menos mau ou quem saiba harmonizar condignamente o que o povo quer (ou deve) ouvir! A. Sílvio Couto


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