Dossier

Quando a vingança se torna arma... de promoção

A. Silvio Couto
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Porque tentou fazer cumprir a lei das faltas aos (trinta e um) deputados que foram assistir à final de Sevilha, o Presidente da Assembleia da República não faz parte do role de personalidades convidadas para a inauguração do ‘estádio do dragão’ do FCPorto, em meados de Novembro. Diz-se habitualmente que a ‘vingança se serve fria’ e em ‘pratos de fino porcelana’!... Com efeito, vemos cada dia inúmeros jeitos e trejeitos de vingança, desde a mais subtil até à mais ostensiva, passando pela cozinhada e condimentada por interesses mais ou menos mesquinhos. O facto aduzido como base para esta reflexão poderá ter as mais díspares interpretações e/ou consequências. No entanto, sentimos que não podemos extrapolar intenções sobre actos/atitudes/provocações de mundos que, de tanto de cruzarem, se confundem. Dizemo-lo do futebol – que apesar de tudo não é o único desporto! – e da política activa – partidária, das instituições da República ou de governo da Nação – e de outros espaços de intervenção mais ou menos pública. Parece que, cada vez mais, a nossa sociedade tem uma conduta pautada pela vingança, seja verbal, seja intencional, seja (quase) institucional. Quantos vemos sinais de vingança mesquinha, pretensamente correcta e até necessária. Quantos indícios de que certas denúncias não passam (afinal) de correias de transmissão de desejos, pensamentos e projectos alicerçados na vingança, tantas vezes servida a quente, de forma primária e ofensiva. Quantas energias consumidas, pautadas e mobilizadas ao serviço da vingança... Quando as pessoas avaliam as atitudes dos outros (particularmente quando responsáveis) pela coloração clubística, poderemos interrogar-nos sobre algum facciosismo intelectual. Quando se prefiguram intuitos de protagonismo regionalista/bairrista em certas rebeldias, poderemos questionar alguns rituais pseudo-cristãos. A vingança corrói, conspurca e mata. Por isso, torna-se urgente exorcizar algumas vinganças do nosso quotidiano pessoal, inter-pessoal e nacional. Está na hora de cada um de nós expulsar toda e qualquer forma de vingança... pela harmonia, bem-estar e concórdia comunitária. A. Sílvio Couto


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