Dossier

Que Iraque para os iraquianos?

Pe. Armando Soares
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Os Inspectores da ONU procuraram armas de destruição maciça no Iraque. E durante vários meses uma demarche diplomática em todos os campos e a todos os níveis foi posta em movimento. Criou-se um ambiente de impasse e de insegurança. Agravou-se a crise económica. A ameaça da intervenção anglo-americana no Iraque pairava sobre o Iraque. As ameaças de Saddam eram implacáveis: uma defesa acirrada até ao última membro da Guarda Macional. Sem o apoio de dezenas de países, a guerra começou até parar na invasão de Bagdade. Aí foram dias para esquecer pelos valores culturais destruídos, pelos roubos, pela anarquia que se seguiu à entrada das tropas da coligação e à queda da estátua do rais. Bombardeamento, ataques, mortes, foram cenários da tragédia e da luta por uma liberdade que terminou em 1979 e que terá podido contar cerca de 150 mil executados pelo regime ditatorial de opressão e de violência. Agoras as pessoas contam a verdade dura e crua: prisões arbitrárias, execuções sumárias, torturas, despesismo em grandiosos palácios, obras meglómanas, uma colecção de carros de cerca de mil milhões de dólares, milhares de curdos mortos com armas químicas, e um povo em muitas aldeias desconhecido e faminto. No pós guerra tenta-se aliviar os males da guerra e estruturar um futuro país democrático em que todas as etnias tenham lugar. Dependerá tudo da capacidade democrática dos que se projectarem como líderes. Para além dos países da coligação a missão da segurança já partiu também de países como a Itália, a Polónia, a Espanha e Portugal. Com fins humanitários de solidariedade e ajuda. Assistimos a uma espécie de morte lenta. Desejávamos ver um Iraque próspero, democrático, em que o povo pudesse respirar liberdade e felicidade. Vemos um povo sofrido a braços com meses de desemprego na ordem dos 90%. Um povo que desespera porque continua a morrer se não se resolvem seus problemas. Depois de tanto sofrerem, os iraquianos merecerão dias de paz. Todos, para além das miserandas quezílias políticas, temos de enfrentar os problemas e ajudar esta nação a sair da miséria e ocupar o lugar entre as nações. E merecer um lugar ao sol, pois tem meios para o fazer. Que a América, a Inglaterra e os países ocidentais de bom senso tenham a capacidade e a ousadia de prosseguir com o dar a mão em todos os sentidos àqueles que já merecem que o sofrimento seja aliviado. Armando Soares Revista BOA NOVA


Guerra do Iraque