O tempo e o modo da Comunicação Social não são os mesmos da Igreja.
Nada disso quer dizer que a Igreja não possa - até deve - servir-se dos “media” para cumprimento da sua missão; e os “media”, a seu modo, também não são indiferentes ao que a Igreja diz e faz.
Dito isto - “media” da Igreja e Igreja nos “media” -, são raras as personagens que, em Igreja, são mediáticas e algumas das que alcançam esse estatuto nem sempre são as mais recomendáveis.
D. Armindo Lopes Coelho, nos seus 25 anos de ministério episcopal, nas dioceses do Porto e de Viana do Castelo, não tem sido um bispo mediático. Não lhe faltará carisma nem à Igreja Portuca-lense visibilidade bastante, que já vem de longe, tanto que, ainda hoje, a simples evocação de “bispo do Porto” desperta natural curiosidade e atenção, seja quem for que exerça essa missão, associada à liberdade e à audácia.
Quando se afirma que o actual bispo do Porto é pouco mediático, não quer isso dizer que lhe falte acerto doutrinal, bem pelo contrário, e pastoral. Quer dizer, isso sim, que os “media” têm os seus critérios e linguagem muito própria, nem sempre relevando o que é mais importante. D. Armindo Lopes Coelho foi mais notícia quando se pronunciou acerca de Fátima Felgueiras, presidente da Câmara Municipal de Felgueiras, e quando, mais recentemente, manifestou a sua opinião sobre as mulheres que optam pelo aborto!
Pouco para quem tem a seu crédito um magistério lúcido e preside à diocese portucalense e para quem, como ele, quando regressou de Viana do Castelo ao Porto, se apercebeu que a diocese precisava de mais e melhor presença nos “media”, tendo criado, inclusive, um gabinete de informação, que, todavia, ainda não responde, suficientemente, aos objectivos que deveria privilegiar.
Vai sendo tempo de a Igreja Portuca-lense cuidar mais e melhor da Pastoral da Opinião Pública e... publicada, dentro e fora da Igreja.
Rui Osório, padre e jornalista