Dossier

Um nascimento para mudar o mundo

Fátima Fonseca
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Em cada ano que passa, a nossa Mãe-Igreja recorda-nos, insistente e amorosamente que o Advento é tempo de espera e preparação e que o Natal é tempo de Dom e Acolhimento. Espera em relação Àquele que nos liberta dessa “escravidão radical donde derivam todas as outras ( escravidões)â€- o pecado- “lepra que desfigura o rosto da humanidade, gerando indiferença, ódio e violênciaâ€( Papa Bento XVI). Preparação, porque neste tempo somos chamados a procurar activamente, no mais fundo do nosso ser, fazer espaço para Ele, renovando os nossos corações e esvaziando-nos do egoísmo, da superficialidade e desconfiança que, consciente ou inconscientemente, deixamos crescer em nós. Dom, Presente, Dádiva, sob a forma de um Menino, de uma Criança que é Deus feito Homem, que vai chegar e “ vem para estar connoscoâ€, “para viver entre nós, connosco e em nósâ€, “ para nos reconciliar com Ele e entre nósâ€, “para tocar à porta de cada homem e mulher de boa vontade†e “para oferecer aos indivíduos, às famílias e aos povos, o dom da fraternidade, da concórdia e da pazâ€( Papa Bento XVI). Acolhimento, porque Deus vem a nós como um Menino para que não tenhamos medo de O receber, e porque quis suscitar em nós esse amor instintivo e natural com que tomamos qualquer criança nos braços e a amparamos e acarinhamos, cientes da sua total inocência e incapacidade de defesa, e da responsabilidade que significa receber à nossa guarda um ser totalmente dependente ainda, mas pleno de potencialidades por nascer Pessoa. Jesus Menino vem-nos ensinar o Amor com que devemos amá-Lo, o Amor com que nos devemos amar entre nós e com que devemos acolher os seres mais pequeninos que chamamos à vida, desde o primeiro momento da sua concepção. Jesus, agora Menino, depois Homem, vem-nos descobrir o sentido da nossa existência, a única terra firme onde é possível construir o edifício da nossa vida, se queremos encontrar a verdadeira Felicidade “sem nos perdermos em sucedâneos infrutíferos e enganadores como o consumo desenfreado, a droga, o alcool, o erotismo (Papa João Paulo II) †que mais tarde ou mais cedo, sempre desembocam na decepção, no desespero, ou no vazio de coração. É Ele quem nos revela pela Fé, o Mistério que a Razão apenas pode vislumbrar, mas nunca alcança. “Jesus Cristo apresenta-Se-nos como a resposta de Deus à nossa busca e às nossas angústias†( Papa João Paulo II) : “Eu sou o Pão da Vidaâ€, “Eu sou a Luz do mundoâ€, “Eu sou a Ressurreição e a Vidaâ€. É Ele e só Ele quem nos abre à Eternidade. É Ele a Razão da nossa Esperança. Por isso, enquanto esperamos e nos preparamos, nós, cristãos, não podemos ficar de braços cruzados a olhar ceptica e friamente, ou desiludidos e desesperados como tantos outros, a crise de valores que juntamente com outras crises mais visíveis abalam o nosso mundo neste Dezembro de 2008. Nós, famílias cristãs, temos de reacender a luz da Esperança que se apaga já em tantos dos nossos amigos e conhecidos e por esse mundo fora. Somos chamados a lutar em vários terrenos, por manter a nossa própria família unida, os compromissos de amor, os laços que tecemos e as relações de solidariedade e entreajuda. Continuaremos, ou voltaremos a receber os filhos como um dom de Deus. Acompanharemos os deficientes, os doentes e os idósos – os nossos e os outros- para que vivam e morram no respeito pela Dignidade da Pessoa que são e a que têm todo o direito. Não podemos claudicar, desistir, baixar os braços, ou deixarmo-nos levar pelas modas e ventos descristianizantes. Mantendo bem vivo nas nossas casas o Natal de Belém, construiremos com as nossas mãos o presépio de sempre - com a Virgem Maria e S. José, o Menino, deitado numa pobre manjedoura, aquecido pela vaca, o burro e as ovelhinhas trazidas pelos pastores - e contaremos a sua história real aos nossos filhos e netos, não a história do velho da Coca- Cola, nem os confundiremos substituindo a árvore de Natal pela árvore da Zon, ou o presépio de Belém pelos contos de fadas e outros, nem substituindo a luz da Estrela que guiou os Magos, pelas tristes luzes das ruas de uma cidade sem dinheiro ou de um país em recessão... O Cenofa- Centro de Orientação Familiar- e a APFN- Associação Portuguesa de Famílias Numerosas – acreditam que com o empenho de todos nós é possível manter e renovar a Luz do Natal nos nossos corações e nas nossas casas, mesmo que o dinheiro seja mais escasso e haja dores, dificuldades e provações porventura inesperadas. Aproveitamos por isso, esta oportunidade, para desejar a todos os que nos lêem, e às suas famílias, umas Santas Festas de Natal e um novo Ano 2009 cheio das Alegrias e Bênçãos do Menino Jesus. Fátima Fonseca, directora do Cenofa


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