Dossier

Uma sociedade criadora de empregos

Manuel Porto
...

Manuel Porto, presidente da Comissão Coordenadora Nacional das Semanas Sociais

Com a maior actualidade, vai ser este o tema a abordar nas próximas Semanas Sociais Portuguesas, a realizar em Braga, de 9 a 12 de Março. Com estas Semanas dá-se continuidade a uma experiência bem sucedida de reflexão aberta e profunda sobre problemas sociais que no nosso país remonta à década de quarenta do século transacto. Já então se beneficiou da experiência de outros países, designadamente da experiência da França, onde as primeiras Semanas se realizaram em 1904, tendo-se comemorado em Novembro de 2004, em Lille, o seu centenário. Com a participação de quadros muito qualificados, as Semanas Sociais têm sido ocasião para se proceder a uma reflexão aprofundada à luz do ensino da Igreja, procurando dar resposta aos problemas que se levantam em cada época; com a confirmação a posteriori do acerto desse ensino, depois de terem sido tão dramáticas experiências vividas no século XX. Uma sociedade solidária, em que o Homem possa defender e afirmar os seus valores, além de ser condição de respeito pela sua personalidade, é a única via capaz de nos levar a situações seguras de prosperidade e bem-estar. Depois de, em épocas anteriores se ter reflectido já nas Semanas portuguesas sobre temas por exemplo do trabalho e da educação, nos anos 40-50, ou da família e da cidadania, nos anos 90 e em 2001, decidiu-se que as próximas Semanas Sociais sejam sobre uma questão agora com uma maior actualidade e a maior delicadeza: a questão da criação de emprego. Não se quer que seja uma reflexão meramente académica e talvez desresponsabilizadora, sossegando-se as consciências com a atribuição das responsabilidades ao 'sistema' ou a terceiros. Assim tem de acontecer por respeito para com todos os que têm uma enorme dificuldade em encontrar emprego, em especial os jovens à procura do primeiro emprego. Tendo de exigir-se responsabilidades a quem as tem, é inaceitável que nos conformemos com afirmações de princípio. O drama do desemprego exige de cada um nós que, na medida das nossas possibilidades, tome iniciativas capazes de levar à criação de novas oportunidades. Sendo uma obrigação moral face aos nosso concidadãos, é aberta assim uma possibilidade magnífica de realização e satisfação pessoal, com a concretização de projectos nos âmbitos empresarial, da educação ou ainda por exemplo da saúde ou da assistência social; enriquecendo-se a sociedade com a imaginação e a diversidade dos contributos de cada um. É por isso que para além das conferências de fundo, proferidas por especialistas nas matérias, o moderador de cada sessão terá o encargo de organizar a apresentação dos contributos que nos sejam enviados: todos eles objecto de igual divulgação. De um modo muito particular, é desejado que os temas em análise sejam objecto de trabalhos de mestrado ou em outros níveis, visando a sua apresentação; experiências bem sucedidas que, num 'efeito de demonstração', poderão motivar muitas outras pessoas a seguir por caminhos idênticos. Sentir-nos-emos totalmente recompensados se, ao fim de um ano, tivermos testemunhos vários de pessoas que, tendo tomado iniciativas, mais ou menos modestas, se realizaram e contribuíram para o bem-estar de outros que lhes estavam próximos. Manuel Porto, presidente da Comissão Coordenadora Nacional das Semanas Sociais


Pastoral Social