Editorial

2016, o ano dos cristãos perseguidos

Agência Ecclesia
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Octávio Carmo, Agência Ecclesia

Muitos são os balanços que se fazem deste ano que passou. Da política ao desporto, passando pelas estrelas do entretenimento, vários são os nomes que dominam estas notícias, das quais muitas vezes desaparecem aqueles que mais sofreram em 2016. Será cada vez mais assim.

Neste texto, quero evocar os que morreram nos últimos meses por causa da sua fé. A começar pelas religiosas das Missionárias da Caridade, congregação fundada por Madre Teresa de Calcutá, que foram em março, no Iémen. Em julho, seria assassinado o padre Jacques Hamel, num momento pintado a negro na história recente da Europa, dado que a morte aconteceu no interior de uma igreja, no momento em que o sacerdote octogenário presidia à Missa.

A fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre falava, no seu relatório sobre a liberdade no mundo 2016, num fenómeno de “hiperextremismo islamita”. Que não está apenas lá longe, no meio da loucura do autoproclamado ‘Estado Islâmico’, mas que já nos bateu à porta e ameaça mesmo os valores que fundamentam a convivência no território europeu, por exemplo.

Segundo outro estudo, do ‘Center for Study of Global Christianity’ (Centro de Estudos do Cristianismo Global), em 2016 houve 90 mil cristãos mortos e cerca de 500 milhões sofreram limitações à sua liberdade religiosa.

O Papa Francisco tem sido incansável na evocação destas perseguições religiosas e por várias vezes repetiu que os mártires de hoje são em maior número do que os dos primeiros séculos. Um “ecumenismo de sangue” que se estende aos coptas no Egito ou a comunidades ortodoxas na Síria e Iraque, sem qualquer distinção.

Dificilmente a sorte destas populações seria uma prioridade política, mas felizmente foram dados alguns passos para o reconhecimento de um verdadeiro genocídio de minorias religiosas no Médio Oriente.

A situação é igualmente preocupante nalguns pontos de África, com o ‘Boko Haram’ a ser o rosto mais visível da intolerância, a partir da Nigéria.

Espera-se, por isso, que em 2017 os líderes políticos e religiosos possam trabalhar juntos para erradicar fenómenos extremistas e erradicar os problemas em que estes se enraízam. Antes que seja tarde demais para milhões de seres humanos.

Octávio Carmo



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