Editorial

A palavra aos educadores

Paulo Rocha
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Crescem os relatos daqueles que dizem ter saudades da professora primária. De quem recorda, lá no fim de um curso universitário ou entre dias de afazeres profissionais, a palavra firme de uma educadora que marcou dias da infância e da adolescência. Em tempos de outras metodologias e prioridades no âmbito da educação, que faziam dela um privilégio de alguns, era possível encontrar no ambiente da escola referências positivas, contributos para a formação de personalidades capazes de viver a responsabilidade e a liberdade, seja em contextos familiares como sociais. Nos dias de hoje, na louvável acessibilidade da educação a todos, existirão razões para não ter certezas quanto às memórias que terão da escola os que por ela agora passam. Porque são abundantes os dias de agitação não só escolar como social e política por causa da escola. Muitas vezes retirando de cena os protagonistas da educação: os educadores e os educandos. No documento que a Conferência Episcopal acaba de publicar sobre a escola em Portugal não. E esse será o maior mérito do documento: inclui o conhecimento e a experiência dos educadores, que o episcopado assume como o melhor contributo para o sucesso de um irrepetível período na vida de adolescentes e jovens. Trata-se de um texto que foi trabalhado há vários meses para, como referiram os próprios Bispos quando o apresentaram à comunicação social, receber os conhecimentos técnicos de quem vive a escola. O que lhe dá actualidade inquestionável, em perfeita sintonia com os problemas do presente e com respostas oportunas para a instabilidade que afecta os diferentes actores do contexto educativo: as famílias, os alunos, os professores, os responsáveis políticos e sindicais. "A Escola em Portugal - Educação Integral da Pessoa" é o título do documento, onde é possível encontrar propostas reais para que a educação seja factor de boas memórias num futuro próximo. Porque coloca no centro do problema os educadores e os educandos. Sobretudo nestes dias, a escola não pode ser objecto de arremesso político, factor de conquista de vitórias eleitorais ou entrar na contabilidade de possíveis maiorias absolutas. Não se podem valer dela também os que lutam por não preencher mais um ou dois impressos, por aliviar cargas horárias ou burocráticas. Interessa, antes de tudo, dar a palavra aos educadores. Paulo Rocha


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