Duas barcas António Rego 08 de Junho de 2004, às 12:42 ... Tal como aconteceu com a recente sondagem sobre os Religiosos em Portugal, cujos resultados geraram perplexidades, julgo que o comum dos cidadãos, inclusive católicos, se sente um pouco confundido com os desdobramentos da palavra Missão. Fala-se em missão na cidade quase ao mesmo nÃvel e com significado semelhante, que numa aldeia africana ou asiática desconhecida em qualquer mapa. Diz-se que é missão atravessar a rua e falar de Jesus ao cidadão que mora defronte da catedral, como falar da Boa Nova ao AmerÃn-dio que comunga com o sol, as águas e as árvores o infinito do Grande Ser. É missionário o que parte e o que fica, o que entrega a sua vida de forma consagrada total e o que disponibiliza, em breve estágio, alguns tempos e generosidades da sua complexa agenda de vida. Por outro lado, no caso português e na era pós-colonial, muitos missionários “ficaram por cá†com uma espécie de escrúpulo sobre “o direito a incomodar†outros povos que lá têm os seus profetas. A tudo isto se junta a perspectiva de que a torrente de Deus passa por circuitos inesperados. O carisma pessoal e a narrativa religiosa por novas inculturações podem conduzir a um “excesso†de cálculo, antes de partir na barca da Boa Nova. O que acima se disse não é, de longe ou de perto, uma crÃtica aos novos tempos e aos extraordinários sinais inspiradores de Missão que os nossos dias oferecem. Vivemos uma autêntica purificação de razões e uma clarividência progressiva do sentido de Missão. E há Institutos Missionários em Portugal verdadeiramente esclarecidos e mobilizados nesta matéria. O recente simpósio sobre Missionação veio oferecer uma corajosa análise da história de ontem e de hoje como tempo de Missão, com contornos diferentes mas de igual urgência em dinamismo evangélico. Ao afirmar que “ o Missionário é a primeira terra de Missão …que aceita andar na contra mão a semear vida e esperançaâ€, reconhece a premência de braços para as duas barcas: a que atravessa o rio que já ouviu (e porventura esqueceu) o Evangelho e a que atravessa os longÃnquos oceanos onde é vago o nome de Deus, sem referência expressa a Seu Filho Jesus. A doutrina missionária de hoje é, para muitos cristãos, autêntica terra de missão. António Rego ...... Share on Facebook Share on Twitter Share on Google+ ...