Esfinge de cera António Rego 27 de Abril de 2004, às 13:09 ... A Congregação para o Culto Divino acaba de publicar uma “Instrução†intitulada “Redemptionis Sacramen-tumâ€. À pressa, ou nervosamente, alguns traduzirão como a “redenção do sacramento†na sequência das virtuais trinta e sete proibições que, não há muito, serviram para notÃcias especulativas que se revelaram balão de ensaio duvidoso. O presente documento chama-se, em português, o “Sacramento da Redenção†e refere-se à Eucaristia e à necessidade de observância de elementos essenciais, e de recusa de algumas atitudes abusivas na celebração do Mistério da Fé. O texto, dividido em oito capÃtulos, está disponÃvel, na Ãntegra, no site da Agência ECCLE-SIA e merece ser lido e meditado no tocante a eventuais desvirtuamentos na celebração EucarÃstica que, em boa verdade, não aparecem frequentes entre nós. Mas algumas ressonâncias surgidas na sequência desta “Instrução†apresentam-se como um hino triunfal ao ritualismo, à letra pura e dura dos gestos, das palavras, das sequências, como se a celebração da Missa não passasse de um acto gélido, onde o liturgo proclama e cumpre, perfeito na letra, mecânico na rubrica, executante ao milÃmetro de passos predefinidos. Como uma esfinge de cera. Importa não esquecer a reforma litúrgica do ConcÃlio Vaticano II e todo o seu esforço de reavivar o sentido festivo, comunitário e participativo da Eucaristia que faz a Igreja, como a Igreja faz a Eucaristia. Mistério e memória, “memória do coração, aquela que só o amor pode imprimir e gravarâ€como disse o Patriarca de Lisboa na última Quinta Feira Santa, a Missa possui uma densidade assumida pelo Presidente e pela Assembleia, que vai muito para além do cumprimento dos cânones. Importa que a repetição mecanizada, ainda que tecnicamente perfeita, não renegue a alma da Eucaristia nem lance para plano secundário a sua essência - o mandato de Jesus - â€Fazei Isto em Memória de Mimâ€. António Rego Reflexo Share on Facebook Share on Twitter Share on Google+ ...