Editorial

Evangelho hoje

António Rego
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Este mês de Outubro é celebrado na Igreja Católica com um particular empenhamento missionário. As canonizações de Comboni, Janssen, Freinademetz e Teresa de Calcutá são o rosto visível dessa preocupação que surpreende a Igreja numa difícil e apaixonante encruzilhada da Missão. Por um lado cresce o imperativo de Jesus de anunciar a Boa Nova a todos os povos. Percebe-se, entretanto, que dentro da própria Igreja surgem novos dinamismos, nomeadamente no aparecimento de leigos disponíveis para trabalho de missão em termos novos, aliados ao desenvolvimento e ao voluntariado. Mas, obviamente limitado. Um terceiro olhar diz respeito à nova forma de abordagem de outras culturas e tradições, num respeito sagrado pelo Evangelho, já existente em gérmen, mas necessitado de explicitar e expandir. Comboni voltou-se para Ãfrica, Janssen para a China. O primeiro olhar de ambos foi de aprendizagem em continentes e culturas tão díspares. Teresa de Calcutá voltou-se para outro continente, o dos excluídos em qualquer sítio do planeta, os últimos dos últimos, mergulhados na cultura da dor, permanentemente escorraçados para a fronteira do esquecimento. Os novos movimentos de migração e a grande mobilidade religiosa em todos os quadrantes, lançam novos desafios à missão. O Cristianismo desce na Europa e cresce na Ãfrica e alguns países da América Latina. O Islamismo assenta arraiais fortes em terrenos que habitualmente lhe eram estranhos. Os fenómenos mágicos e aquilo que conhecemos como seitas possivelmente têm mais ruído que eficácia, mas vêm ocupar um espaço labiríntico em muitas inquietações do homem de hoje, fora do âmbito institucional. Não há duas celebrações iguais no Dia das Missões. Mas todas têm em comum a oração e a procura dos sempre novos caminhos para a chegada urgente do Reino de Deus e os tempos que vivemos abrem novas surpresas no dizer o Evangelho. António Rego


Reflexo