Festa dos vencidos António Rego 16 de Dezembro de 2003, às 12:12 ... Recordo a primeira vez que li o poema de Ruy Belo “Nós os vencidos do catolicismoâ€. Sei que me deixou um impressão amarga e inquieta acerca de tantos cristãos que apostaram numa formação em profundidade e deram por si, numa sequência de desistências ou alternativas, ouvindo a Carmina Burana em vez de “adorar em espÃrito e verdadeâ€. Jorge de Sena, que visitou algumas destas angústias, diria doutra forma: “roubam-me Deus, outros o diabo, quem cantarei?†“O Tempo e o Modo†foi uma pequena bÃblia de procuras e questionamentos sobre a evolução da Igreja, os desafios do Vaticano II, as grandes mudanças dos meados do século XX e até os confrontos sobre uma sociedade a emergir com novos valores. Tudo isto aconteceu com gente dentro, nos leigos, padres e bispos, militantes polÃticos, germens silenciosos de outros tempos que viriam a explodir, sem peias, na revolução, na democracia, nos partidos polÃticos de extremos, na rotura com instituições, na fragmentarização da famÃlia, autoridade e Igreja. Os anos sessenta constituÃram um verdadeiro abalo sobre tantas torres seguras, muitas delas, mais por circunstâncias de tempo que por consistência própria. Onde está essa gente, pergunta-se? Esses leigos ou padres, não são desertores duma praça de combate. Muitos deles abandonaram, nem sempre pelas mesmas razões, o contacto com a Igreja numa marginalização complexa de definir em todos os contornos. Alguns já partiram. Outros, na sÃntese pessoal da própria história, fazem uma nova leitura dos sinais dos tempos, não renegando o caminho que tomaram, mas reconhecendo que a maturidade da vida permite novos olhares sobre todas as coisas. E que não faltam praças de reencontro. Muitos têm, neste tempo de Natal, ajudado com a sua reflexão, a descobrir tantas convergências que antes pareciam impossÃveis. É um abraço ténue, novo, natalÃcio, “sem vencedores nem vencidosâ€. António Rego Reflexo Share on Facebook Share on Twitter Share on Google+ ...