Editorial

Nós estamos aqui

Paulo Rocha
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Paulo Rocha
Paulo Rocha

Paulo Rocha, Agência Ecclesia

Primeiro vimos um jogador a afirmar “eu estou aqui”. Agora percebemos uma seleção dizer em diferentes discursos e sobretudo em campo “nós estamos aqui”.

As duas afirmações surgem no ambiente do futebol, em diferentes tempos, mas não são uma marca exclusiva desse ou de qualquer outro desporto, antes reveladoras do que significa ser pessoa e da capacidade que todas devem ter para descobrir que é na relação e na vida em grupo que todos encontram a circunstância única de realização plena.

Quando se festeja uma vitória, tudo isto parece ser uma evidência. Mais difícil é sustentá-la no esforço que toda a glória exige ou mesmo depois de uma derrota. No futebol, como em tudo na vida! Assim acontece no ambiente familiar ou empresarial, entre amigos ou em circunstâncias geradas por encontros ocasionais, no mundo profissional e também na realização da experiência crente. Neste caso, com uma palavra que lhe é sempre indissociável: comunidade.

Numa análise apenas sociológica, desportistas e crentes passam pela mesma exigência de descobrir que a glória exige relação e a festa constrói-se em conjunto. Num estádio como numa paróquia, o protagonismo dos humanos está sempre no grupo, na comunidade, e o valor maior vai para quem age na sombra, sobretudo aqueles que o hábito colocou entre luzes da ribalta.

Se assim acontece no decurso dos dias, em diferentes estruturas e circunstâncias, ainda mais nos momentos de exuberantes manifestações que cada verão sempre traz. Para o exterior, passa o rosto de um grupo, de uma comunidade. E todas as tentativas de fazer sobrepor uma voz, uma “jogada individual”, à força do coletivo, de uma comunidade, consolidada em tradições e gerações, exige sabedoria, prudência.

Dizer “eu estou aqui” e depois “nós estamos aqui”, não por palavras mas por ações, é vitória maior e o caminho para todas as glórias.



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