O Grande Irmão António Rego 08 de Julho de 2003, às 19:25 ... Como é sabido a situação económica de um paÃs não se mede apenas pelos bens mensuráveis a partir de grandes riquezas de solo ou subsolo. Sendo verdade que sem ovos não se fazem omeletas, percebe-se que muitos jogos se interpõem no percurso de produzir, trocar, vender e consumir. Quanto mais global é a economia, mais anónimos são os detentores dos bens e os agentes de sombra que semeiam e distribuem a fortuna ou a ruÃna. Conhece-se a experiência marxista da economia planificada, partindo de um princÃpio, talvez generoso, de que os bens se destinam a todos e que, para tanto, bastaria que alguém (o estado) tomasse conta dos grandes meios de produção e equitativamente os distribuÃsse, em tarefas e benefÃcio, pelo povo. O problema principal nunca esteve na afirmação do princÃpio. A questão foi, não só a inviabilidade concreta do projecto, como ainda a monstruosidade estatal virada em Grande Irmão, a vigiar cada cidadão e a controlar teres e haveres que, pela calada, eram distribuÃdos, por camaradas e amigos, ficando os pobres sempre na última fila. Quando em 1989 abriram os diques da verdade e se viu o Leste à luz do dia, foi isto mesmo que apareceu no grande palco do mundo. Entretanto o capitalismo fazia e faz a mesma coisa por outras palavras e, através de outros circuitos, convida o mundo dançar ao toque de hinos histéricos de liberdade dos que, no Leste como no Ocidente, lutam, honestamente ou não, pelo pão de cada dia. Em que ponto estamos? No terreno escorregadio do negócio. Onde a riqueza e a pobreza são mais um problema de relação que uma simples de troca de objectos. O café, o cacau e outros bens genuÃnos não valem pelo que são mas pelo paÃs onde se produzem e exploram. Estamos mais perante um problema humano que técnico, de querer do que ter, de solidariedade do que rentabilidade. Nunca se pode pedir aos mais frágeis que redobrem os seus esforços e sacrifÃcios para reforço dos fortes. A economia, mais que uma questão tecnocrática, é uma questão humana. Muitas vezes as análises sociais tratam as pessoas como se fossem máquinas - pesadas ou leves - de produzir e consumir. O Grande Irmão continua por aÃ. E nota-se mais em tempo de crise. António Rego Reflexo Share on Facebook Share on Twitter Share on Google+ ...