O sacramento do mundial António Rego 04 de Julho de 2006, às 13:26 ... Numa clássica e lindÃssima igreja de Lisboa, repleta até ao átrio, estava prestes a terminar a celebração dum Casamento integrado na Eucaristia. Dirigia-me à cadeira presidencial para os momentos de Acção de Graças quando um estranho ruÃdo de vozes se levantou na Igreja - seria protesto, pedido de intervenção, súplica incontida? Foi sufocado, de imediato, por uma vibrante salva de palmas como cascata de alegria. Nunca tal havia visto. Tratava-se, afinal, do momento exacto em que Portugal vencia a Inglaterra. E que, ainda não sei como, percorreu toda a Igreja numa onda progressiva. Como Presidente da celebração aguardei a chegada do silêncio e disse: “mais um motivo de acção de graças a juntar à quele que já nos possuÃa nesta celebração litúrgicaâ€. Fez-se um silêncio complacente e respeitoso. Pedi, a seguir, o mesmo Ãmpeto de entusiasmo na pequenina palavra Amen em resposta à petição de bênção para o jovem casal: “Vamos puxar por esta jovem equipa de famÃlia que hoje, diante de todos, sela o seu amor com o sinal de Cristoâ€. E nunca me lembro de ouvir tão alto e vibrado, o Amen da Assembleia, como reforço à bênção matrimonial. Se no princÃpio estava duvidoso sobre o bom gosto de irromper em exclamações e palmas dentro da Igreja por causa dum golo, acabei por entender que se o sacramento é entrosado na vida, ganha compreensão e densidade e projecta mais longe o ritual tecnicamente perfeito de palavras e gestos predefinidos. E depois da imploração de Bênção para todos, todos partiram com uma experiência de Acção de Graças que nem sempre acontece de modo tão visÃvel e assumido no seu todo. Não é edificante? Paciência! (E eu, que só vi dois jogos inteiros do Mundial e já deito futebol pelos olhos, lá voltei, sem querer, ao assunto. Desta vez como “sacramento… e acção de graças…†Espero que os liturgistas entendam…) António Rego Reflexo Share on Facebook Share on Twitter Share on Google+ ...